Documentos relacionados com corrupção em Angola foram roubados em Madrid

Empresa Mercasa está envolvida na construção de um mecado em Luanda que nunca arrancou

A companhia espanhola Mercasa decidiu reforçar a segurança na sua sede depois de um roubo de documentos e computadores relacionados com uma investigação a um caso de corrupção que envolve Angola.

Documentos relacionados com pagamentos da companhia espanhola Mercasa a Angola foram roubados da sede da companhia num assalto feito por “profissionais”, noticiou o jornal espanhol Voz Populi.

As autoridades espanholas estão há vários meses a investigar um contrato para construir um mercado de abastecimentos em Luanda no valor de 550 milhões de dólares que nunca chegou a começar.

O jornal disse que o roubo aconteceu em Dezembro e cita uma fonte próxima da empresa como tendo dito que que os assaltantes sabiam exactamente o que queriam.

“Foi obra de profissionais que sabiam o que procuravam”, afirmou a mesma fonte que não identificada.

“Foram directamente aos locais onde podiam encontrar documentação relacionada com Angola”, acrescentou.

Outros jornais espanhóis noticiaram anteriormente que vários computadores tinham sido roubados da empresa.

O suposto mercado abastecedor de Luanda foi anunciado em 2013 pela ministra do Comércio Rosa Pacavira, mas não terá passado de uma remodelação de um espaço aberto no Quilómetro 30, em Viana, arredores de Luanda.

Em Fevereiro de 2016, o entao governador de Luanda anunciou que o espaço iria ser apenas requalificado.

Os investigadores espanhóis querem saber onde foram investidos cerca de 550 milhões de dólares.

O jornal El Mundo escreveu no final do ano passado que a Mercasa teria subornado o antigo vice-ministro do comércio Manuel Cruz Neto e que teria também pago uma comissão de dois por cento sobre os 533 milhões de dólares do total contratado à Fundação Eduardo dos Santos (FESA).

A Fundação negou veementemente ter recebido qualquer pagamento da Mercasa.

O cidadão luso-angolano Guilherme Taveira Pinto é actualmente procurado pela justiça espanhola pelo seu envolvimento no desvio de fundos e pagamento de subornos.

Taveira Pinto é também procurado pelo seu envolvimento num outro caso envolvendo a venda de material de polícia a Angola no valor de 152 milhões de euros, dos quais pelo menos 60 milhões foram desviados para contas pessoais de entidades espanholas e angolanas