Documentos mostram como foram feitos pagamentos aos dirigentes da Sonangol em caso de corrupção

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Edifício Sede Sonangol Luanda

Caso envolve a companhia holandesa SBM Offshore

Prestações de 100 mil dólares pagas em contas bancárias em Portugal e na Suíça foram o método preferido por dirigentes da Sonangol, que durante alguns anos receberam fundos de uma companhia holandesa para assegurar os seus contratos nos campos petrolíferos angolanos, revelam documentos da procuradoria federal suíça.

Os documentos indicam que, na maior parte das vezes, não houve qualquer tentativa de dissimular os pagamentos através de companhias, embora num caso alegadamente envolvendo Baptista Muhongo Sumbe, os pagamentos de mais de quatro milhões e 600 mil dólares foram todos feitos através de uma companhia sediada no Panamá em quatro prestações.

Os documentos, revelados esta semana pela VOA, dizem respeito ao julgamento e condenação na Suíça de Didier Keller, da companhia holandesa SBM Offshore, que, em agosto, foi considerado culpado de envolvimento em subornos de cerca de 6,8 milhões de dólares a entidades da Sonangol entre 2005 e 2008.

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Neles estão detalhados todos os pagamentos feitos às entidades envolvidas.

Assim, Sianga Kivuíla Abílio recebeu dois pagamentos no banco suíço UBS no mês de fevereiro de 2005 de 100 mil dólares cada.

Segundo as autoridades suíças, no mês seguinte, foram feitos outros dois pagamentos de 100 mil dólares cada na conta da companhia Domografos Africa Ltd. no banco português BPI, prestações que beneficiaram também Kivuila Abílio, antigo diretor executivo e membro Conselho de Administração da Sonangol.

Por seu lado, Ruben Monteiro Costa, descrito como antigo chefe do Departamento de Instalações, preferiu ter uma conta no banco português BANIF, na qual recebeu quatro prestações de 100 mil dólares (duas em 2005 e duas em 2006).

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O ano que mais usufruiu, contudo foi o ano seguinte, 2006, quando recebeu duas outras prestações de 200 mil dólares e duas de 150 mil dólares.

O antigo director de Produção da Sonangol, José Sardinha de Sousa, possuía uma conta conjunta com a mulher Cristina de Sousa também no BPI de Portugal, onde a SBM depositou cinco prestações de 100 mil dólares cada, tendo sido a primeira paga em Maio de 2005, seguindo-se quatro outras prestações iguais entre junho e outubro de 2006.

O menos beneficiado das “luvas” da SBM parece ter sido Luís Pedro Manuel, que também mantinha uma conta conjunta com a mulher Ivette Brito Manuel, no Millennium BCP de Portugal.

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Pedro Manuel, descrito nos documentos suíços como “quadro” da Sonangol e membro da direcção da filial Sonangol USA, recebeu um pagamento de 75 mil dólares em agosto de 2005.

Esses quadros da Sonangol receberam em conjunto dois milhões e 175 mil dólares, montante que os deixa muito aquém de Baptista Muhongo Sumbe, presidente do Conselho de Administração e director executivo da Sonangol USA.

Segundo os documentos da procuradoria suíça, no caso de Baptista Muhongo Sumbe, mais de quatro milhões e 600 mil dólares foram pagos à compania Mardrill, com sede no Panamá sob pretexto de que essas “comissões” iriam beneficiar a Sonangol.

A procuradoria disse que Keller reconheceu que esse dinheiro destinava-se a corromper Sumbe.

A quantia foi paga em cinco prestações, nomeadamente 923.400 dólares em Janeiro de 2006, 923.100 dólares em Julho de 2006, 938.400 em Janeiro de 2007, 923. 100 dólares em Julho de 2007 e a terminar 938.400 dólares em Janeiro de 2008.

O montante foi depositado numa conta da Mardrill no Banco Comercial Português.