O grupo parlamentar do MPLA, partido no poder em Angola, deve apresentar em breve uma proposta de divisão da capital Luanda em duas províncias, no momento em que a Assembleia Nacional tem em debate, na especialidade, o pacote legislativo da Divisão Política Administrativa.
Na sexta-feira, 21, o Secretariado Nacional do Bureau Político do partido instruiu os parlamentares a avançarem com a iniciativa sem, no entanto, apontar os moldes em que será feita a divisão.
O secretário nacional de Comunicação e Marketing da UNITA, Evaldo Evangelista, disse à imprensa no fim de semana que o MPLA "não está alinhado com o dia-a-dia dos cidadãos" e que o mais importante agora é a implementação das autarquias.
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Especialistas ouvidos pela VOA dizem não concordar com a ideia do partido governamental.
O demógrafo João Lukombo Nza Tuzola diz aceitar que do ponto de vista do território e da população a proposta pode encontrar acolhimento, mas pergunta por que agora.
"Por quê agora a divisão de Luanda em duas províncias? Vai requerer custos avultados em novas instalações, equipamentos, novos carros para governador, para apoiar a esposa, etc, em termos económicos são muitos gastos ao se criar nova província, acho haver aqui inconsistência", sustenta Nza Tuzola.
Opinião contrária à do MPLA, tem Aleixo Sobrinho, Instituto de Desenvolvimento e Democracia (IDD).
"Essa divisão de Luanda interessa apenas ao MPLA, e por quê? Exatamente por causa da derrota que este partido teve em Luanda, nas últimas eleições gerais, esta ideia tem um único propósito, a sua manutenção no poder", diz Sobrinho, para quem "o mínimo de sensatez era ouvir primeiro as pessoas se aceitam ou não esta divisão, mas como o Governo é autoritário (...) esta ideia vem eatamente para retardar as autarquias no país".
Em fevereiro, o Parlamento aprovou na generalidade a criação de mais duas províncias e 161 municípios novos, com votos do MPLA a favor e contra da UNITA.