Divisão administrativa de Luanda recebida com ceticismo

Baía de Luanda, Angola

Especialistas angolanos dizem receber com muito ceticismo a Divisão Política e Administrativa de Luanda que, segundo o Governo, visa descentralizar e facilitar a administração.

Com a divisão de Luanda em duas, resultando o surgimento de uma nova província, do Icolo e Bengo, a configuração dos municípios e distritos da capital angolana sofreu algumas alterações.

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Divisão administrativa de Luanda não vai resolver problemas, dizem especialistas – 3:27

Rangel, Samba, Maianga e Sambizanga regressaram a ser municípios da província de Luanda.

A Voz da América procurou saber o que estas alterações trazem de novo aos habitantes desta circunscrição que continua a manter o estatuto de capital do país?

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O académico João Lukombo Nza Tuzola entende que as alterações introduzidas são do interesse exclusivo do detentor do poder, independentemente de eventuais benefícios ou perdas para as pessoas.

"Não é dividindo ou somando que se resolvem os problemas", afirma Tuzola.

O sociólogo João Sassando diz que a divisão política em si não é má, mas depende muito do contexto do território e dos objetivos do proponente.

Luanda

No caso de Luanda, Sassando pensa que "os problemas de Luanda são bem conhecidos: saneamento básico, energia e água, aproximação dos serviços, melhoria dos serviços públicos, desburocratização do sistema”.

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“Isso não passa muito pela alteração ou não da nomenclatura, da extensão territorial ou outra coisa parecida", conclui Sassando.

O Executivo angolano tem outro entendimento que passa pelo encurtamento da distância que separa governantes de governados, tendo optado por repartir a província de Luanda em duas: a Luanda velha e a nova província a do Icolo e Bengo que já tem governador em exercício Auxilio Jacob, enquanto em Luanda continua o governador Luis Nunes.

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Aleixo Sobrinho, investigador Instituto para Democracia e Desenvolvimento, diz que as alterações feitas em Luanda não trarão benefícios para os seus habitantes, antes pelo contrário.

"Conheci Luanda como uma câmara municipal em que todas as infraestruturas funcionavam em pleno desde a água, luz, estradas tudo funcionava, 50 anos depois destruímos tudo, e penso que estas mudanças não vão resolver nada antes pelo contrário”, aponta.

Para Sobrinho, "é mais uma forma de saque do erário, para enriquecer uma minoria, o problema da administração depende da consciência de pensar em servir e não se servir, um governante tem que ter como prioridade número 1, servir".

Ainda não são conhecidos os novos gestores das novas circunscrições criadas em Luanda.