Dilma Roussef muda Governo em ano eleitoral

  • Maria Cláudia Santos
Remodelação ministerial é criticada pela oposição por pensar na possível reeleição
A presidente brasileira Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), conclui, até o fim deste mês, a reforma ministerial considerada estratégica para as eleições presidenciais de Outubro.

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Dilma Roussef muda o Governo em ano de eleições - 3:57




Dilma Rousseff, que vai disputar a reeleição, já mudou ministros de quatro pastas este ano. Aloizio Mercadante foi para a Casa Civil, Arthur Chioro, para o ministério da Saúde, José Henrique Paim, para a pasta da Educação, e Thomas Traumann, para a Secretaria de Comunicação. Na visão de analistas, todos os nomes são afinados com as atuais estratégias do partido para manter-se mais quatro anos no poder.

A presidente já confirmou que outros ministros irão ser substituídos até o fim de Fevereiro. As reuniões para discutir o assunto não têm sido poucas. A dirigente petista tem se reunido, constantemente com partidos, como o PMDB, para definir as mudanças. Alterações que, nas palavras da presidente, são inevitáveis em democracias. “As mudanças não alteram a linha de atuação. A nossa missão é continuar garantindo direitos e implementando políticas que vão permitir que os brasileiros e as brasileiras continuem progredindo, construindo um futuro melhor para si e para as suas famílias”, afirma.

A reforma ministerial nem terminou e já é alvo de duras críticas de opositores, como o senador Aécio Neves (PSDB), pré-candidato à presidência este ano. Aécio diz que a reforma da petista caminha “para trás” e não visa às necessidades do Brasil.

Infelizmente, a lógica que rege as ações do governo não é do interesse nacional, é a do interesse eleitoral. Há mais de ano não temos uma presidente da República full time. Temos uma candidata à presidente da República full time, com uma agenda quase que toda focada na reeleição”, diz.

O cientista político Malco Camargo lembra que a reforma ministerial em ano de eleições no Brasil é, basicamente, uma mudança da coalização governamental para a eleitoral. “Algumas dessas vagas são divididas por técnicos e outras continuam dando locais a quadro políticos, mas não como forma de manter a governabilidade, agora como forma de garantir ou ampliar o apoio para as eleições que vem,” explica.

O especialista destaca que a reforma ministerial realmente, neste momento, objetiva a realocação de forças. A “dança das cadeiras” é para o governo federal conseguir apoio para as eleições. Buscar novos aliados para enfrentar a batalha nas urnas que vem agora, em Outubro. Quais partidos? Aqueles que o governo busca que tenham ampliação da base eleitoral e não governamental, ou seja, principalmente, maximizar o tempo de propaganda na TV e as alianças nos Estados. Uma vez que você incorpora um membro de um novo partido nos quadros do governo, você pode estar fazendo essa alocação visando que esse partido venha apoiar determinada candidatura, seja para presidente, seja para o estado, buscando maximizar as chances de vitória do executivo”, afirma.

A reforma ministerial da presidente, mesmo antes de ser concluída, já tem nome colocado em dúvida. O ministro que acaba de ser nomeado, Arhur Chioro, tornou-se alvo da Comissão de Ética Pública da Presidência da República. O recém-empossado ministro da Saúde é dono de uma empresa de consultoria em saúde, que está sob investigação do Ministério Público de São Paulo. Depois de o caso ter sido revelado, Chioro passou a empresa para o nome da mulher dele.

As pesquisas apontam Dilma Rousseff como favorita neste momento para vencer as eleições presidenciais de Outubro. Pesquisas do Instituto Datafolha apontam que Dilma é a preferida em todos os cenários consultados.

Mas, para analistas, a reeleição da petista não está garantida. A inflação pode ser uma grande ameaça à campanha de reeleição. Além disso, os problemas relacionados com a segurança no Brasil e as manifestações previstas para este ano de Copa do Mundo no país podem ser outros obstáculos no caminho de Dilma Rousseff rumo à reeleição.