A região nordeste dos Estados Unidos não acolhe apenas uma grande comunidade dos países africanos de língua portuguesa e de Portugal. Na Nova Inglaterra, o verde-amarelo pinta restaurantes, lojas, empresas várias, igrejas e festivais, sempre com muito samba, sertanejo, churrasco e guaraná.
A primeira vaga de brasileiros para os Estados Unidos data da década de 1960 e aportou na Flórida, que continua a ser o principal destino dos imigrantes proveniente dos Brasil.
O censo dos Estados Unidos de 2013 revela a existência de cerca de 371 mil brasileiros nos Estados Unidos, mas deve-se acrescentar milhares de indocumentados que, com medo da deportação, mantêm-se longe das estatísticas oficiais.
No Brasil, Ministério das Relações Exteriores aponta para cerca de 1,4 milhões de imigrantes.
Na fria região da Nova Inglaterra, calcula-se que existem entre 250 mil e 350 mil brasileiros, dos quais apenas 90 mil constam do censo.
Na verdade, a legalização ou a falta dela constitui o principal problema que enfrenta a comunidade brasileira na região.
Além de não puderem ter acesso a vários serviços, os indocumentados ficam também sem qualquer documento no país, inclusive o brasileiro.
Para inverter essa situação os serviços consulares do Brasil trabalham com organização não governamentais e deslocam-se a eventos de concentração dos imigrantes para prestar esse serviço.
Um desses eventos é o 20º. Festival Verde-Amarelo que se realiza anualmente em Boston.
Inês Soares, do consulado geral de Boston, diz que “aproveitamos essas oportunidades para registar o maior número de pessoas e prestar as informações necessárias porque, embora estejam indocumentadas, elas podem votar nas eleições brasileiras, mas para isso têm de estar em dia com a documento do Brasil”.
Os primeiros brasileiros chegaram ao norte dos Estados Unidos em 1980 e agora constituem uma pujante comunidade, conhecida pelo seu empreendedorismo e que mudou a imagem do Brasil.
Heloísa Galvão, fundadora e directora do Grupo Mulher Brasileira, que funciona como elo de ligação entre a comunidade e os diversos serviços de que as mulheres necessitam.
“Na verdade muitos estão devidamente integrados na sociedade americana, mas muitos preferem ficar fechados na comunidade por não terem documento ou por não dominaram a língua”, explica Galvão, lembrando que a comunidade também dá resposta às suas necessidades.
“Há médicos, empresas de todo o tipo, restaurantes, lojas, igrejas, tanto católicas como evangélicas, salões de beleza, festivais”, exemplifica Heloísa Galvão, para quem “esta comunidade mudou a imagem do Brasil e o estereotipo da mulher e do homem brasileiros”.
A cidade de Somerville, na grande Boston, é um dos centros da comunidade brasileira, o que obriga as autoridades a dedicarem uma especial atenção a esse grupo.
Regina Bertoldo, Centro de Informação aos Pais do departamento de Educação da Câmara de Somerville, destaca, entre muitos outros serviços, a integração das crianças, principalmente as que chegam do Brasil.
Restaurantes, lojas, bares, empresas e vários outros espaços, com muito verde de amarelo são visíveis na Nova Inglaterra.
A comida, a música e o futebol estão sempre associados aos brasileiros que também assinalam o Dia da Independência.
Há 20 anos, por ocasião do Dia da Independência que se assinala a 7 de Setembro, os brasileiros reúnem-se no Festival Verde e Amarelo, numa grande concentração, com comida, música, prestação de serviços e muita animação.
O evento é o ponto alto das actividades dos brasileiros na Nova Inglaterra que, cada vez mais, se afirmam na região.
Na verdade, depois de muitos terem regressado ao Brasil na década anterior com o enorme crescimento da economia durante o Governo Lula, agora o movimento é contrário.
Com a crise financeira actual no Brasil, muitos regressam e trazem mais que continuam a pintar a Nova Inglaterra de verde e amarelo.
Acompanhe o quarto capítulo da série Diáspora na América
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