As mulheres africanas querem ser ouvidas, mas mais do que ouvidas ou estarem representadas nos órgãos de decisão, elas querem que se passe da conversa à acção.
Este conceito foi defendido por Quitéria Guirengane, activista e directora executiva do Observatório das Mulheres de Moçambique, e Adama Baldé, activista e secretária-executiva da Associação de Mulheres Alternativa e Resposta (AMAR), da Guiné-Bissau, no programa Agenda Africana, da VOA, neste Dia de África, 25 de Maio.
Baldé considera que a mulher africana teve sempre o seu lugar merecido, “quando eram rainhas”, antes da chegada dos colonizadores e, por isso, diz que o reconhecimento actual desse papel é de “faz de conta” porque se enquadra nos moldes impostos pela “invasão” das potências coloniais.
Ao citar essas influências na Guiné-Bissau, por exemplo, aquela activista acrescenta que também a “agenda das mulheres continua a ser de faz de conta”, facto “condicionado por vários factores” herdados de um “processo colonial muito violento”.
A reprodução desse comportamento exclui a mulher por causa do sistema patriarcal existente na Guiné-Bissau, ao ponto de dela não ter um espaço de influência porque “as mulheres não podem ascender a esses espaços porque há todo um sistema patriarcal que bloqueia a sua ascenção".
O país, na leitura daquela activista guineense, “conhece um retrocesso na representação da mulher, ao ponto de, apesar de 52 por cento da população ser composto por mulheres, nunca essa representação ultrapassou 13/14 por cento no Parlamento, embora haja mais mulheres como militantes dos partidos”.
Adama Baldé lembra que neste momento apenas três dos 102 deputados são mulheres e que a lei da paridade de género ainda está por aprovar, um documento para “repor a justiça histórica”.
Ela põe enfase na necessidade da própria mulher africana “assumir a sua história e o seu lugar”, ao invés de, por exemplo, adaptar-se aos padrões ocidentais, como “a clarificação da pele, etc”.
Mais voz e mais acção
Quitéria Guirengane destaca o caso de Moçambique que, a nível da representatividade das mulheres nos lugares de decisão, é apontado como um caso exemplor, mas diz que “o maior desafio é a implementação”.
“Podemos puxar a cadeira e sentar à mesa, isto é um avanço, mas ter a voz nessa mesa é um caminho mais longo, não podemos ter prateleira do poder, para enfeitar, para exibir, que nos temos altgos compromissos com as questões de de género, mas na prática temos a Macalana, ante o silêncio da União Africana e da SADC, mas tembém temos o Dubai (exploração de mulheres) e nenhum líder africano no início se pronunciou sobre a exploração de mulheres”, acrescenta aquela activista que acentua o facto das vozes das realidades feminidas ainda serem silenciadas.
A representatitivade das mulheres tem de ser acompanhada da alocação justa e equitativa de recursos para resolver os problemas das mulheres, mas também pela compreensão das realidaes diferenciadas, sustenta.
A representatividade das mulheres e suas agendas no contexto africano é tema da conversa nesta edição. Acompanhe:
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