Afonso Dhlakama queixa-se da lentidão no processo negocial mas garantem empenho

Economista do IESE, António Francisco, considerou a actual trégua sem prazo como sendo uma farsa
O presidente da Renamo queixou-se hoje de lentidão no trabalho das duas comissões negociais formadas com o Governo e na retirada das forças armadas do centro do Moçambique, mas considerou a situação compreensível. "Eu tenho estado a falar com o irmão Nyusi [Presidente da República]: há lentidão, não é o que eu esperava", referiu Afonso Dhlakama numa declaração via telefone para jornalistas e simpatizantes da Renamo sobre o processo de paz. Dhlakama falava desde a sua base, na Serra da Gorongosa, centro do país, para uma sala cheia de membros e simpatizantes da Renamo, reunidos num encontro partidário na Matola, arredores de Maputo.

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O presidente da Renamo queixou-se da morosidade que se está a verificar nos grupos de trabalho para harmonizar questões militares e de descentralização governativa, cujas propostas, na sua perspectiva, deveriam ter dado entrada no Parlamento ainda neste mês de Maio.

O economista António Francisco, do IESE, considerou a actual trégua sem prazo uma farsa.

Em conversa telefónica com membros da Renamo na cidade da Matola nesta quarta-feira, 24, Afonso Dhlakama afirmou que, nos contactos que manteve hoje com o Presidente Filipe Nyusi, reafirmou o seu compromisso com a paz.

"Dei a trégua sem prazo, é um sinal do fim da guerra é um sinal de boa vontade para pararmos com mortes sem necessidade. Nós queremos a paz efectiva no nosso país, a paz com democracia, a paz com justiça,paz com as instituições a funcionarem", disse Dhlakama.

Entretanto, o líder do principal partido da oposição queixou-se da lentidão do processo.

"Há lentidão, como sabe não há nada a escondermos. Não é o que esperava, esperava que o trabalho já acabado pelas duas comissões pudesse entrar na Assembleia da República antes até de 11 de Maio, ainda no primeiro semestre. Não aconteceu, é normal e eu compreendo", afirmou o líder da Renamo, garantindo que continua a manter contactos reguladores com o Presidente da República.

"Meus amigos, para mim Afonso Dhlakama a guerra acabou em 1992, o país é nosso e a pobreza em Moçambique é uma pobreza artificial, Moçambique tem recursos", concluiu Afonso Dhlakama.

Desde o anúncio da trégua sem prazo, Moçambique tem registado uma relativa recuperação da actividade económica.

Uma farsa

Entretanto, o economista António Francisco, do IESE, considerou a actual trégua sem prazo como sendo uma farsa, visto que os dois beligerantes acabaram por tomar esta decisão por não estarem com capacidade financeira para sustentar os ataques militares entre ambos.

"A paz neste momento exige porque ambas as forças estão cansadas ou incapacitadas de continuar com a guerra, acho que é a parte positiva desta falência. Estas forças beligerantes faliram em termos de financiar a guerra, mas não podemos dizer que há um ambiente de paz, ninguém acredita que há um ambiente de tranquilidade, há um ambiente de cansaço, estamos exaustados deste ambiente difícil", concluiu Francisco.