O presidente da Renamo responsabilizou nesta sexta-feira a Frelimo pelo ataque a tiro contra o secretário-geral do seu partido Manuel Bissopo e acusou o poder de fomentaro "terrorismo de Estado".
Em conversa telefónica com a agência Lusa, Afonso Dhlakama admite que o atentado contra Bissopo pode levar a uma mudança no tom do discurso político e ao agravamento da actual crise política, mas afastou um cenário de guerra.
"Posso acreditar que a situação pode deteriorar-se, mas não há guerra", reiterou Dhlakama por telefone, alegadamente da Gorongosa.
"Acuso o regime da Frelimo, que tornou-se num partido terrorista, num Estado terrorista - o partido, o regime, o Governo. Nunca vimos isto", afirmou Dhlakama,
O presidente da Renamo reconhece que os seus homens estão nervosos e têm-lhe dito que deve agir, reiterando que “querem pegar e cortar pescoços dos [quadros] da Frelimo".
Dhlakama reiterou a sua preocupação com a “onda em que oficialmente estão a raptar e a matar os moçambicanos e aqueles que estão a fazer política e a criticar a Frelimo são alvo neste país".
Baleado na quarta-feira na Beira, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi transferido hoje para uma clínica na África do Sul.
O porta-voz daquele partido António Muchanga disse à VOA que Bissopo "está sob observação" e que o seu estado de saúde "é estacionário".
Bissopo foi atingido no bairro da Ponta Gea, centro da Beira, depois de uma conferência de imprensa em que denunciou raptos e sequestros de homens da Renamo.
A bala entrou pelo peito, furou os pulmões e está alojada entre as costelas.
O guarda-costas de Bissopo morreu e dois outros acompanhantes ficaram ligeiramente feridos.