Dezenas de doentes mentais abandonados no Lubango

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Mais de 50 doentes mentais internados no hospital psiquiátrico do Lubango estão abandonados pelos seus familiares na província angolana da Huíla.

A gestão do hospital diz estar a lidar com uma situação preocupante, para a qual apela a maior sensibilidade da sociedade e das famílias em particular a evitarem tal comportamento.

A realidade é denunciada no dia que se assinala mundialmente o dia do doente mental.

O diretor administrativo do hospital psiquiátrico do Lubango, Idezibal Aldino reprova o estigma das famílias aos doentes mentais.

“ Seria bom que as famílias tomassem a peito essa problemática e dessem ao doente aquele aconchego necessário para a melhoria do seu estado, porque se funcionar o trinómio doente, família e hospital, de certeza que teremos resultados no nível do tratamento bem conseguido”, disse.

Duzentos e 42 internamentos diretos ocorreram até ao terceiro trimestre do corrente ano de perto de cinco mil consultas efetuadas no período, números que traduzem o aumento de casos de doentes mentais naquela unidade sanitária.

Sobre os casos de doentes abandonados no hospital psiquiátrico do Lubango, o sociólogo Manuel Gaspar, sugere que é preciso analisar as causas do aumento de doentes mentais e entende que entre elas está o nível de pobreza que aumentou nas famílias.

Políticas públicas eficazes precisam-se para acudir a crise nas famílias carentes.

“ Até que ponto temos políticas públicas eficazes exequíveis para driblar o problema da carência económica nas famílias de baixa renda?”, interrogou.

“Essa é a questão”, disse Gspar paa quem “todos os dias acompanhamos pessoas a padecer de problemas económicos e de vária ordem, falta de renda, falta de trabalho, falta até de algo para comer.

“Há aqui uma visão de que essas famílias estão com o futuro ameaçado”, disse

A crença sobrenatural e o consumo excessivo de álcool e outras drogas entre os jovens são vistas pelo sociólogo como outro problema na origem das doenças mentais.

Muitos casos de suicídio que ocorrem nas sociedades estão ligados a ausência de saúde mental esta que que deve ser encarada como “saúde do nosso corpo” disse a psicóloga, Maria Saraiva.

“Preocupa-me e deve nos preocupar a todos e deve estar na agenda pública mas também política e o maior investimento para que hajam projetos que combatam esta depressão esta tristeza que é diferente de depressão mas que muitas vezes leva não a uma saúde mental mas sim a uma doença mental e nós queremos falar de uma saúde mental que chegue a todos”, acrescentou