Dezenas de chefes de Estado e governo em Nova Iorque para Assembleia Geral da ONU

Assembleia Geral da ONU ( Foto de arquivo)

“Clube de discursos” fornece muitas vezes “ninhos de amor” para encontros secretos entre rivais e inimigos

Dezenas de chefe de Estado e de governo estão em Nova Iorque para o ritual anual do início da Assembleia Geral da ONU que muitos criticos consideram não ser mais do que um “clube de discursos” mas que é também uma oportunidade para contactos bilaterais não só com outros chefes de Estado e governo muitas vezes em segredo mas também com instituições políticas e financeiras.

Como é tradição a Assembleia Geral inicia-se com um discurso do representante do Brasil, uma tradição que começou quando o país foi escolhido como primeiro presidente da primeira Assembleia Geral. Segue-se também como é tradição o discurso do Presidente dos Estados Unidos, o país anfintrião e a partir daí é por ordem alfabética.

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Para esta cimeira espera-se a presença de 87 presidentes, três vice presidentes, dois príncipes herdeiros, 45 chefes de governo , oito vice chefes de governo, 45 ministros e quatro entidades de escalão mais baixo a chefiar as suas delegações.

Todos eles acompanhados de comitivas umas maiores do que outras.

No que diz respeito aos PALOPS temos a presença do Presidente angolano João Lourenço, da Guiné-Bissau, Umaro Embaló Sissoco, e de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova.

Os “Ninhos de amor” da ONU

Como é natural nestas deslocações os chefes de Estado e de governo que aqui se deslocam não vêm apenas para fazer o seu discurso de um máximo de 15 minutos como requerido pelas regras, embora claro está se alguém ultrapassar isso não lhe será cortado o mcrofone. Fidel Castro falou mais de quatro horas quando ali discursou em 1960.

Os chefes de Estado e de governo aproveitam também esta deslocação para encontros bilaterais com outros presidentes e organizações para discutirem assuntos de importância para os seus países e governos.

Muitos encontros dão-se na privacidade total, em segredo, em locais dentro do edifício da ONU ou mesmo fora dele que o antigo secretário-geral da ONU Koffi Annan descreveu uma vez como os “ninhos de amor” da ONU.

O tema oficial desta cimeira da ONU é “Não deixar ninguem para trás: Agir em conjunto pelo avanço da paz, desenvolvimento sustentável e dignidade humana para as gerações presentes e futuras”.

Um tema muito geral claro está mas é de prever que em todos os discursos e nos encontros à porta fechada ou publicos sejam as guerras no Médio Oriente e na Ucrânia sejam os tópicos mais quentes desta assembleia geral.

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No que diz respeito a África, o papel de Angola como mediador no conflito do Congo será também notado no meio dos discursos que invariavelmente, se referirem ao tema, irão apelar ao bom, sucesso da iniciativa de João Lourenço

Outro tema de particular interesse para África é a proposta dos Estados Unidos para o alargamento do Conselho de Segurança, atualmente formado por 15 membros sendo cinco deles membros permanentes com direito a veto.

Os Estados Unidos apoiam a criação de dois assentos permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas para os Estados africanos mas sem direito a veto e um assento rotativo para os pequenos Estados insulares em desenvolvimento.

Isto é uma proposta das muitas sobre diversas outras questões que serão discutidas pela Assembleia Geral ao longo dos próximos meses. Os chefes de Estado e de governo vão-se embora ao fim de alguns, mas o verdadeiro debate e as resoluções vêm depois.