Detido correspondente da VOA em Luanda

Coque Mukuta, correspondente da VOA em Luanda, Angola

Coque Mukuta, que cobria a marcha das mães dos activistas reprimida pelas autoridades, foi solto três horas depois, bem como o activista Rafael Marques

O correspondente da VOA em Luanda Coque Mukuta foi detido esta sábado, 8, pela Polícia Nacional enquanto fazia a cobertura da marcha organizada pelas mães dos activistas detidos a 20 de Junho e acusados de planearem um golpe de Estado em Angola.

Ele foi detido por volta das 13:40, minutos antes do início da marcha, mas solto meia hora mais tarde.

Pouco tempo depois, Mukuta foi outra vez detido pela polícia, que lhe retirou a câmara fotográfica.

A partir de então, ele foi mantido no carro da polícia durante três horas até ser deixado num local bem distante da manifestação, que, entretanto, foi reprimida pelas autoridades.

O conhecido activista Rafael Marques também foi "retido" pelas autoridades, quando acompanhava a manifestação.

"Detiveram-me, tiraram-me a máquina fotográfica e obrigaram-me a entrar no carro deles. Disseram-me que tinham todo o poder para tomar as medidas coercivas e que se fosse necessário davam-me uma sova ali", disse Marques à agência Lusa.

A marcha protagonizada por cerca de 40 pessoas começou por volta das 14 horas, mas foi reprimida pela política que "usou de alguma agressividade contra as mães", segundo disseram à VOA testemunhas oculares.

A polícia usou cães e cacetetes para dispersar as pessoas.

Manifestação de mães de activistas, Lunda, Angola

As mães e parentes dos 15 jovens detidos organizaram o que chamaram de "marca de repúdio" para pedir a libertação dos jovens que integram o autodenominado Movimento Revolucionário.

O Governo da Província de Luanda emitiu um comunicado na quarta-feira a dizer que a marcha não podia acontecer por violar a lei que impede que protestos sejam realizados a menos de 100 metros de prédios que albergam órgãos de soberania, como a Procuradoria Geral da República.

Antes, os organizadores encontraram-se com o comandante geral da Polícia Nacional Ambrósio de Lemos, na quinta-feira, e o vice-procurador geral da República Hélder Pita Grós, na sexta-feira, tendo aqueles responsáveis pedido que a marcha fosse suspensa porque iriam fazer tudo para que houvesse um desfecho do caso dentro de uma semana

As mães e parentes decidiram manter a marcha, como disse à VOA na sexta-feira, 7, Adália Chivonde, mãe do activista Nito Alves.

"Se até amanhã (hoje) eles não forem libertos, sairemos à rua", garantiu Chivonde.

Ontem, Hélder Pita Grós disse a jornalistas que o processo está em fase final de investigação, a concluir dentro de "poucos dias".

"Nós deveremos ter o processo concluso dentro de poucos dias, isso sim posso garantir porque é o nosso trabalho. Agora a fase seguinte, só depois disso é que saberemos, se o processo vai para o tribunal, se há matéria de acusação", concluiu o vice-procurador geral da República.