Sem garantias dos 220 milhões de dólares norte-americanos necessários para a conclusão do processo de desminagem, Angola pondera alargar para o ano de 2030 esse programa.
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Isto ao mesmo tempo que se aventa a possibilidade de existirem áreas com minas e outros engenhos explosivos fora da base de dados das autoridades.
A Agência Nacional de Acção contra as Minas diz que o país tem 1055 áreas minadas, contra as 3.293 identificadas até 2007, cinco anos após o fim do conflito armado, mas a experiência de quem esteve no terreno aponta para o sumiço de sinalizações e existência de regiões não controladas justamente devido a limitações financeiras.
Lançados os dados oficiais, num encontro nacional sobre desminagem realizado em Benguela, o consultor social João Misselo da Silva, que já foi gestor de programas de educação sobre perigo de minas, avisa que as autoridades angolanas devem incluir nas contas constrangimentos como áreas não sinalizadas e aquelas que perderam os sinais.
O consultor, quadro da Organização Humanitária Internacional, acrescenta que o Governo terá de preservar a relação com os seus parceiros de empreitada.
“Deve haver aumento substancial de financiamento para se responder efectivamente o plano que o Governo apresenta”, salientou, acrescentando que “há zonas sinalizadas há dez anos e que por causa das chuvas e actividades como agricultura e pastorícia já estão sem os sinais”.
Também a admitir estas hipóteses, o director-geral da Agência Nacional de Acção contra as Minas, Leonardo Severino Sapalo, destaca alguma tranquilidade face ao trabalho efectuado.
“Já produzimos 68 por cento daquilo que foi identificado em 2007, por isso as áreas identificadas ou o remanescente deverão ser concluídas no âmbito da Convenção de Ottawa”, disse.
“Vamos pedir prorrogação para 2030, o mais tardar, porque as 1055 áreas para serem concluídas precisam de USD 220 milhões de dólares, um investimento avultado para concluir as áreas conhecidas”, referiu o gestor.
Os Estados Unidos continuam a ser o maior doador bilateral para remoção humanitária de minas, fornecendo até agora USD 150 milhões em assistência desde 1994.
Essa assistência resultou na destruição de mais de 26.000 minas terrestres, beneficiando directamente mais de 1 milhão e 400 mil pessoas.