Pelo menos 2.991 deslocados devido ao conflito político-militar e à seca na província moçambicana de Manica, que se recusaram a regressar aos locais de origem, após a declaração da trégua e do fim das hostilidades militares, estão a ser integrados em bairros urbanos nos locais onde se refugiaram, após o Governo encerrar os cinco centros de acomodação.
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Ao todo estima-se que mais de 10 mil pessoas foram forçadas a deixar as suas casas em vários distritos da província de Manica em 2016 com a reedição do conflito político-militar.
Apenas um número pequeno tem procurado os centros de acomodação, enquanto os restantes tèm recorrido a familiares.
O Governo terminou a desativação dos centros de acomodação na semana passada e distribuiu gradualmente 510 talhões para a integração social dos que se recusam a regressar aos locais de residência por insegurança e medo de novos conflitos, e está a apoiar o plano de reconstrução das famílias com materiais básicos.
A integração foi operacionalizada em Mossurize, o maior centro, Barue, Gondola, Guro e Vanduzi, algumas das zonas largamente atingidas pelo conflito político-militar
“Em Abril começamos a desativar os cinco centros de acomodação, na medida que foram criadas condições para integração das famílias nos bairros de reassentamentos (nas zonas de refugio)”, disse Almeida Teixeira, delegado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) em Manica.
Enquanto as famílias se estabelecem nos novos bairros, o Governo vai assistir os deslocados até Junho com mantimento para assegurar que tenham estabilidade alimentar, enquanto esperam pela colheita, de uma sementeira lançada fora de época.
A integração dos deslocados e o plano de reeconstrução do Governo tem sido alvo de algumas criticas por parte dos deslocados, que defendem que as zonas residenciais estão muito distantes das zonas de produção, o que forçou alguns a desistirem de um plano de produção estatal.
O grosso de deslocados, da reedição em 2016 do conflito político-militar, no centro de acomodação de Vanduzi, o segundo maior da província, desistiu de executar um plano agrário do Governo para produção de comida para combater fome no grupo por considerar a iniciativa “mal concebida”.
O executivo concedeu em 2016 porções de um hectar de terra a cada uma das 79 famílias, que perfazem 583 deslocados que estavam no centro de Vanduzi para a produção agrícola, para suprir o défice e criar independência alimentar na comida distribuída pelo INGC, mas 69 famílias abandonaram o plano, e apesar de estarem nosso novos talhões, preferem encontrar novas zonas de produção.
“A situação ainda é problemática porque as pessoas não têm comida e a produção esta problemática e várias ainda sem condições mínimas para a reconstrução, apesar do pequeno apoio do governo” frisou Domingo Janeiro, antigo responsável do centro de Vanduzi.
Uma trégua sem prazo foi anunciada pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, no inicio deste mês, que deverá se estender até a assinatura de um terceiro acordo de paz, previsto para o fim deste ano.