Deslocados de Cabo Delgado enfrentam fome na ilha de Ibo

Movimento Activistas Moçambique lança campanha de ajuda

A organização não governamental Movimento Activistas Moçambique denunciou nesta quarta-feira, 6, a existência de mais de 1000 deslocados, vítimas de ataques de insurgentes na província de Cabo Delgado, a passarem fome e a necessitar de roupas na ilha do Ibo.

A organização, que coliga várias outras associações juvenis, avança que os deslocados chegaram à ilha para fugir à instabilidade no norte de Cabo Delegado, depois de terem as suas casas incendiadas e seus bens saqueados.

"Perderam tudo durante os ataques armados a suas aldeias", disse à VOA Cidia Chissungo, activista e responsável por uma campanha de apoio às vítimas.

Os deslocados encontram-se em abrigos improvisados e em residências de pessoas de boa-fé, em Ibo.

Apelo à SADC

A organização está a desenvolver uma campanha ao nível das capitais províncias de todo o país, com o apoio dos governos locais, para angarir donativos para as vítimas.

Entretanto, Cidia Chissungo, disse que uma campanha internacional vai ser lançada para mobilizar uma intervenção dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

"O que nós queremos a nível dos movimentosinternacionais, é que eles possam fazer alguma pressão sobre a SADC porque nós achamos que esta situação já não cabe apenas a Moçambique", frisou.

Estima-se que mais de 150 pessoas morreram e milhares deslocadas desde o início dos ataques, em Outubro de 2017, quando um grupo de insurgentes, de inspiração radical, sitiou a vila de Mocímboa da Praia.

Até então cinco processos foram abertos no tribunal de Pemba, com mais de 200 pessoas acusadas de envolvimento nos ataques, incluindo estrangeiros, mas até então apenas um processo está em julgamento.