Dezenas de famílas desalojadas pelas chuvas caídas em abril deste ano nas aldeias Matamba e Combo, nos arredores da cidade de Malanje, na província angolano de mesmo nome, continuam a viver em situação precária.
Elas alertam que essa situação é um risco para a a saúde dos adultos e crianças, com os menos sem acesso a escolas.
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Desalojados da Matamba em situação desesperada - 2:34
No total, 136 famílias sinistradas das duas aldeias continuam a residir em áreas inseguras como resultado das inundações que afctaram 653 pessoas e destruíram 134 casas.
Madalena Afonso, 24 anos, clama por ajuda porque “as crianças não estão a desenvolver bem, as crianças toda hora [têm] febres”.
Madalena Afonso sinistrada da Matamba
“Aqui onde nós estamos distante da cidade [30 quilómetros], no momento em que não tens dinheiro para apanhar o táxi para levar a criança ao hospital, como é que nós ficamos?”, questiona, acrescentando que as autoridades “aqui não estão a resolver nada, nem escola, nem hospital temos”.
Os sinistrados submetidos ao frio e ao calor temem por mordeduras de cobras e aumento da fome com a destruição das plantações pelas inundações.
Paula Joaquim, 40 anos, que vive numa casa de chapa com cinco filhos menores, afirma que “temos muito frio, os mosquitos, nem se fala, [e] estamos a precisar de chapas de zinco, não conseguimos fazer os adobes”.
Paula Joaquim sinistrada da Matamba em frente ao casebre onde vive
Paulo Manuel, com 43 anos, vive com a esposa e cinco filhos, diz que "a febre não está a acabar devido aos mosquitos”.
A administradora municipal adjunta de Malanje para área política e social das comunidades, Aidne Lameirão, diz que as aldeias lesadas foram cadastradas numa parceria com o Governo Provincial e a Cruz Vermelha de Angola para receberem apoios.
Ela diz que chapas de zinco para a construção de novas residências em locais seguros serão entregues às vítimas nos próximos tempos.
Aidne Lameirao administradora municipal adjunta de Malanje para o setor politico e social
“Esta questão de eles terem construído em chapas foi já uma acomodação interna que as mesmas famílias decidiram, porque o normal seria retirar aquelas famílias e juntarem-se às famílias aqui, ou no município sede [Malanje], famílias mais próximas para numa primeira instância fazer esta acomodação provisória até que se reúnam condições para acautelar”, disse Lameirão.
O posto médico mais próximo das aldeias afectadas está localizado a cerca de 10 quilómetros na sede do setor Quibinda, enquanto a Administração Municipal aguarda por verbas para a construção de uma unidade de saúde.
As aldeias Matamba e Combo estão sob um lençol de água e as chuvas fora do normal propiciam inundações.