Moçambique celebra hoje, 7 de Abril, o dia da mulher moçambicana, para marcar a data a VOA falou com duas mulheres, duas gerações diferentes, que apontam desafios e conquistas, passados e futuros. Fernanda Lobato, do Olho do Cidadão e Alcina Muchanga, reformada bancária partilham as suas visões.
"De que nos adianta ter um número elevado de mulheres no parlamento se elas não têm voz?", questiona Fernanda Lobato, activista do Olho do Cidadão, que descreve um conjunto de desafios que a mulher moçambicana enfrenta actualmente, sendo a falta de força na participação política um deles.
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Fernanda é entusiasta e motivada pela "força da mulher da moçambicana", de que ela se sente muito orgulhosa, mas apesar disso ela considera haver ainda muita coisa para fazer.
Para Fernanda existem muitos desafios que dificultam especialmente o viver em sociedade quando nos referimos às mulheres moçambicanas. Enumerando o acesso à educação como sendo o principal desafio, por afectar todo o percurso que a jovem vai ter que desbravar pela vida fora, a activista realça também o casamento prematuro como estando interligado à dificuldade de acesso à educação.
"Quando uma jovem não estuda vem outro problema", continua, referindo-se ao acesso ao emprego como um terceiro desafio que resulta noutras consequências, a falta de acesso ao crédito.
Fernanda considera também que o acesso à saúde é precário, particularmente no que toca ao tratamento do HIV-SIDA, devido ao estigma existente.
Apesar de pertencerem a gerações diferentes, Fernanda e Alcina Muchanga partilham de uma opinião comum: "as coisas mudaram" e para melhor.
Ambas concordam também que apesar das melhorias, a violência doméstica ainda é um factor preocupante na questão do género.
Alcina Muchanga lembra que na sua juventude havia mais ingenuidade, menos informação e realça o facto de se ter filhos muito jovem como uma das grandes diferenças entre o antigamente e o agora.
A ex-bancária levantou igualmente o problema da violência doméstica como um desafio que não é de hoje: "Nós víamos os nossos pais espancar as nossas mães e elas ficavam caladas", conta. Alcina Muchanga diz que hoje a violência mantém-se mas a mulher já tem onde se ir queixar.
Fernanda Lobato alerta: "Precisamos que as estrututras (governo e sociedade) trabalhem nas dificuldades que nos castram".