O antigo Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva deve prestar, nesta quarta-feira, 10, o seu primeiro depoimento na Justiça no processo em que é acusado de ser o dono de um apartamento na cidade do Guarujá, no Estado de São Paulo.
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Lula terá supostamente recebido700 mil dólares da construtora OAS, uma das acusadas de participar no escândalo da Lava Jato, dos quais cerca de 400 mil dólares foram destinados a remodelações no imóvel.
O anunciado depoimento já provocou reacções entre os apoiantes e críticos do antigo Presidente.
Sindicatos que apoiam Lula da Silva prometem protestar na frente do local onde ele será ouvido.
No entanto, uma juíza proibiu manifestações na região da sede da Justiça Federal em Curitiba, o que gerou ainda mais reacções de grupos que invocam o direito à manifestação e à livre expressão.
Politização do caso
A defesa de Lula da Silva pediu que o depoimento seja adiado, alegando que apenas teve acesso aos cinco mil documentos da acusação no dia 2 de Maio, o que não lhe permite analisar, em tempo hábil, tantos arquivos.
Além de negar todas as acusações contra o antigo Presidente, os advogados questionaram na Comissão de Direitos Humanos da ONU a falta de imparcialidade no processo e dizem que Lula está a ser vítima de perseguição política.
O cientista político Marcelo Issa explica que a defesa tem usado essa tese de perseguição especialmente diante das eleições de 2018 e frente à boa colocação de Lula da Silva nas pesquisas eleitorais.
Issa afirma ainda que a defesa tem sido elogiada no meio jurídico pelas estratégias que tem adoptado.
Por seu lado, o cientista político Humberto Dantassalienta que a negação das acusações e a desqualificação do oponente são estratégias comuns entre os políticos envolvidos na Lava Jato.
Para Dantas, há erros na operação, mas nada que seja capaz de derrubar o processo contra o antigo Presidente.
Os dois cientistas políticos afirmam ainda que o destaque de Lula da Silva na Lava Jato é porque ele continua a ser a figura política mais importante do país.
Para observadores políticos, os processos contra o líder histórico do PT na Justiça e uma eventual prisão do antigo Presidente serão decisivos para determinar a eleição presidencial de 2018.