Os enviados da África Ocidental liderados pelo ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan chegaram este sábado à capital do Mali, Bamako, para se encontrar com a junta militar que forçou a renúncia do presidente Ibrahim Boubacar Keita e a dissolução do governo no início desta semana.
Membros da delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) também se vão encontrar com o Presidente deposto, Boubacar Keita, bem como com o governo e oficiais militares detidos pelos soldados rebeldes, disse uma fonte da CEDEAO à AFP.
A visita dos enviados acontece um dia depois de milhares de pessoas lotarem a capital do Mali numa demonstração estridente de apoio à junta militar.
Manifestantes em Bamako - alguns erguendo faixas proclamando o Comité Nacional para a Salvação do Povo, o próprio nome da junta - também denunciaram a CEDEAO por condenar o golpe e por fechar as fronteiras do Mali aos vizinhos da região, os outros 14 países membros do bloco.
Os líderes da junta militar disseram na sexta-feira que reabriram as fronteiras aéreas e terrestres.
Veja Também EUA, Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde condenam golpe militar no MaliIbrahim Boubacar Keita e pelo menos uma dúzia de outros oficiais foram detidos na terça-feira, 18 de agosto, por militares e levados para um centro de treino de oficiais do exército na cidade de Kati, a cerca de 15 quilómetros da capital. Keita, que anunciou a sua renúncia naquela noite em rede nacional, foi transferido de volta para a capital, onde foi colocado em prisão domiciliar. O líder deposto de 75 anos teve permissão para se encontrar com seu médico pessoal, os seus familiares e funcionários da missão da ONU em Mali.
As Nações Unidas, a União Africana, a União Europeia e muitos outros na comunidade internacional condenaram a queda de Keita.
Os líderes da junta reuniram-se na sexta-feira, 21 de agosto, em Kati com membros do antigo partido maioritário "Rally for Mali," que também denunciaram o golpe, mas disseram estar prontos para discutir os próximos passos. Os líderes da junta também se encontraram com grupos da sociedade civil.
O coronel Assimi Goita emergiu como o líder da junta. Na sexta-feira, o Pentágono (EUA) reconheceu que Goita já havia participado de treinos com o Comando de África dos EUA e as suas forças especiais como parte dos esforços multinacionais para combater o extremismo violento na região.
Mas o Pentágono também condenou o motim, que disse ir contra o treino que forneceu.
"O coronel Goita e muitos outros malianos participaram do treino do Flintlock, exercícios focados no combate a organizações extremistas violentas, o estado de direito em conflitos armados, profissionalismo e a primazia da autoridade civil ", disse o coronel Christopher P. Karns, porta-voz do Comando da África dos EUA, num e-mail para VOA.