Um debate radiofónico sobre o futuro das famílias desalojadas das Salinas, em Benguela, realizado nesta quarta-feira, 24, na Rádio Ecclesia, terminou em pancadaria, com a Polícia Nacional de Angola (PN) a escoltar o representante da Administração Municipal após agressões a dois supostos detentores de espaços no bairro demolido em Junho de 2020.
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Jovens alojados no magistério ‘’Lúcio Lara’’ pretendiam marchar da rádio, o canal promotor do debate, em direcção à sede do Governo Provincial de Benguela, a menos de 100 metros, para protestar contra o espaço eleito para a construção das suas casas.
De acordo com testemunhas, antigos moradores das Salinas agrediram a bofetadas dois cidadãos que diziam, ainda no debate, várias vezes interrompido por força do ruído, possuir terrenos no bairro demolido há já 10 meses.
Os supostos agressores acompanhavam tais declarações, assim como a confirmação da Administração Municipal, nas imediações da emissora católica, de onde saiu escoltado pela PN, um dos intervenientes.
O porta-voz dos ex-moradores das Salinas, João Valeriano, que esteve em estúdio, confirma os incidentes e reafirma por outro lado que os terrenos propostos pelas autoridades, ao lado do magistério para os desalojados das Sallinas, pertencem a ex-militares.
“Acabou em briga (o debate) porque não houve entendimento, o senhor Marito veio com senhores que alugou para dizerem que são ex-moradores (das Salinas). No que diz respeito aos terrenos que eles estão a querer usurpar aos desmobilizados para ver se nos dão’’, conta.
"O senhor foi levado pela Polícia porque… as verdadeiras ‘salineiras’ estão aqui, custe o que custa, doa a quem doer. Podemos ir para o palácio manifestar o nosso descontentamento’’, conclu Valeriano.
No decorrer do alvoroço, dois cidadãos, António e Chivinda, exibindo documentos, disseram ser proprietários de parcelas no espaço que a Administração Municipal está a preparar.
“Desde 2016, só estamos à espera de ordens para construir. Como é que querem levar para lá os povos das Salinas?’’, questionam os cidadãos.
O director da área do território e infra-estruturas da Administração de Benguela, José de Sousa ‘‘Marito’’, não se encontrava no local, como a VOA pode ver, mas no debate deixou a garantia de que o espaço em causa, já com água e electricidade, não representa foco de conflitos.
“É uma ocupação primária de intenção, eles (ex-militares) não têm documentos para atestar a titularidade. Não há risco de conflito’’, assegura o gestor.
Fonte do Comando Provincial da PN garante que não há qualquer participação feita na sequência dos incidentes ocorridos à porta da rádio Ecclesia.