19 de Junho: O dia em que os grilhões dos escravos caíram

O Memorial da Emancipação, retratando o ex-Presidente dos EUA Abraham Lincoln em pé sobre um escravo liberto, no Lincoln Park, em Washington, EUA.

Pela segunda vez na história dos Estados Unidos, 19 de Junho, conhecido como "Juneteenth," é um feriado federal oficial.

Mas a América Negra celebra este dia desde 19 de Junho de 1865, quando as tropas norte-americanas chegaram ao Estado do Texas para anunciar que o conflito terminou com a rendição da Confederação, no mês de Abril.

Tal aconteceu dois meses após Appomattox, a pequena cidade no Estado americano da Virgínia, onde o general confederado Robert E. Lee entregou a sua espada em rendição ao general americano Ulysses S. Grant.

No entanto, a notícia do fim da rebelião ainda não tinha viajado pelos Estados que se separaram em 1861.

De África para a América, a Odisseia da Escravatura

A 19 de Junho de 1865, o general norte-americano Gordon Granger e as suas tropas chegaram à cidade costeira de Galveston, no Texas.

Ao chegar, anunciou a "Ordem Geral Nº 3", proclamando o fim da Guerra Civil dos EUA, e com isso, a libertação de cerca de 250 mil negros escravizados em todo o Texas, o último refúgio da escravidão.

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19 de Junho - Porque a América celebra este dia?

"O povo do Texas é informado de que, de acordo com uma proclamação do Executivo [presidente] dos Estados Unidos, todos os escravos são livres", lê-se na ordem.

A libertação do povo negro tinha sido estabelecida pelo Presidente Abraham Lincoln a 1 de Janeiro de 1863 com a Proclamação de Emancipação, mas foi preciso até ao fim dos Estados Confederados da América para que este libertasse totalmente os escravizados.

E em Dezembro de 1865, entrou em vigor a 13ª Emenda à Constituição dos EUA, selando permanentemente a libertação do povo negro e de todos os outros em cativeiro.

"Nem a escravatura nem a servidão involuntária, excepto como punição por crime de que a parte tenha sido devidamente condenada, existirão nos Estados Unidos, ou em qualquer lugar sujeito à sua jurisdição", declarou.

A celebração de 19 de Junho começou no Texas, mas espalhou-se a outras partes dos Estados Unidos nos anos seguintes. Com a migração para norte de negros dos antigos estados escravos na parte sul dos Estados Unidos, as comunidades negras em muitos lugares marcaram o dia com desfiles e outras festividades.

O dia 19 de Junho foi ampliado durante as turbulentas décadas dos anos 1950 e 1960, à medida que os negros americanos exigiam e recebiam protecção legal em matéria de habitação, votação, emprego e outros assuntos importantes.

O simbolismo do dia da liberdade que é o dia 19 de Junho manteve-se forte.

O Texas foi o primeiro Estado a reconhecer a importância do dia 19 de Junho, primeiro por uma proclamação de 1938, tendo a legislação entrado em vigor a 1 de Janeiro de 1980, marcando o dia 19 de Junho como feriado oficial no Estado.

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EUA marcam aniversário de Martin Luther King Jr

Outros Estados também marcaram o dia 19 de Junho como feriado oficial ao longo destes anos, culminando com a assinatura pelo Presidente Joe Biden da legislação de 17 de Junho de 2021, que tornou o dia 19 de Junho num feriado federal.

O dia 19 de Junho é o segundo feriado oficial do Governo dos Estados Unidos em honra dos negros americanos.

O primeiro homenageia o aniversário de 15 de Janeiro do campeão dos direitos civis e mártir Dr. Martin Luther King, Jr., em reflexo dele e das lutas e sacrifícios do povo negro nos Estados Unidos.

E para o segundo feriado americano de Junho, uma mulher negra, Kamala Harris, senta-se como vice-Presidente dos Estados Unidos.

Embora os grilhões da escravidão tenham sido quebrados há quase 150 anos, os defensores dos direitos das minorias dizem que muito ainda tem de ser feito para proporcionar às pessoas de cor nos Estados Unidos um "lugar pleno à mesa".

Eles apontam para factores económicos e sociais que continuam a prejudicar os negros e outras minorias.

Jeffrey Young