Uma liderança pelo exemplo, que visa reduzir encargos do Estado e combater a corrupção são algumas das promessas feitas por Daniel Chapo no seu discurso de posse como quinto Presidente de Moçambique, nesta quarta-feira, 15, em Maputo.
“Queremos uma liderança pelo exemplo”, afirmou o novo Chefe de Estado que começou a sua intervenção com “hoje iniciamos juntos uma era para Moçambique e uma nova era”.
Num discurso recheado de promessas ante mais de dois mil convidados, entre eles, a nível de presidentes, apenas Cyril Ramaphosa, da África do Sul, e Umaro Sissoco Embaló, Chapo afirmou ser inadmissível que Moçambique continue refém dos vícios que prejudicam o povo.
“Juntos vamos resgatar o patriotismo e o orgulho de ser moçambicano”, afirmou.
"Corrupção, doença que tem corroído"
Por isso, continuou, “o diálogo já começou e não descansaremos enquanto não tivermos um país uno e coeso”, e acrescentou que “o nosso diálogo com as forças políticas será sempre franco, honesto e sincero”, sem, no entanto, revelar os moldes desse diálogo.
Your browser doesn’t support HTML5
“A corrupção é uma doença que tem corroído o nosso povo, com funcionários públicos fantasmas, cartéis que enriquecem à custa do povo, e isto tem de acabar, não haverá lugar para quem coloca os seus interesses acima dos interesses do povo moçambicano, seja no setor público, seja no privado", prometeu Daniel Chapo, que também prometeu implementar mudanças importantes sobre como o Governo funciona, "com menos ministérios e a eliminação das secretarias de Estado equiparadas a ministérios".
Veja Também Legislatura moçambicana arranca com expetativas de ser "plataforma da paz"Redução do Estado
Essa redução do Executivo, segundo ele, vai permitir uma poupança de 17 mil milhões de meticais (mais de 280 milhões de dólares) por ano, "que serão direcionados para onde realmente importa: educação, saúde, agricultura, água, energia, estradas, e melhoria das condições de vida do povo".
Estas mudanças, ainda segundo Chapo, incluem congelar a aquisição de viaturas protocolares para o Estado, para podermos adquirir ambulâncias e outras viaturas para servir o povo, e são medidas concretas que mostram que o Governo está disposto a apertar o cinto”.
Your browser doesn’t support HTML5
Num dicurso para dentro da Administração, ele disse que o país "não pode continuar a ser refém da corrupção, do compadrio, da inércia, do clientelismo, do 'amiguismo', do nepotismo, do 'lambe-botismo', da incompetência e injustiça e dos vícios e dos desvios da boa conduta que é exigida aos serviços públicos".
O Presidente da República moçambicano que falou durante 50 minutos acentuou que a estabilidade é “a prioridade das prioridades” porque “o país está a atravessar tempos difíceis e não se pode ignorar os desafios, como a superação da fome generalizada e do desemprego”.
Sobre os raptos, Chapo disse que “é um ultraje que vai combater, tal como o crime organizado”.
Saúde e Educação também na agenda
Na sua intervenção, passou em revista vários temas, prometeu trabalhar para restaurar o sistema nacional de saúde e devolver a dignidade ao povo, assegurar que a educação e a saúde sejam prioridades e sulinhou que “os professores, os médicos e profissionais de saúde serão valorizados porque merecem”.
Your browser doesn’t support HTML5
Aos jovens, Daniel Chapo prometeu criar ambiente para construir negócios, sem burocracia e cujo objetivo é “simplificar e promover o sector privado, com emprego, habitação, financiamento para o empreendedorismo.
Na política externa, ele disse que ela será reajustada, “em termos de objetivos e ações estratégicas, não só para consolidar as conquistas alcançadas ao longo destes 50 anos, como também, e principalmente, para enfrentar novos desafios e adaptar-se às novas circunstâncias que colocam o país na geopolítica global, em permanente transformação e, assim, maximizar os nossos interesses nacionais”.
Daniel Chapo assumiu reforçar a cooperação internacional, “com um papel ativo na SADC e na União Africana, trabalhando incansavelmente para promover os ideais de integração da África Austral e continental” e defendeu a “afirmação contínua da CPLP no contexto da diplomacia internacional”.