Cuba começou a libertar alguns prisioneiros na quarta-feira, no âmbito das conversações com o Vaticano, um dia depois de a administração do Presidente Joe Biden ter anunciado a sua intenção de retirar a designação de Estado patrocinador do terrorismo atribuída pelos EUA aquele país.
Veja Também EUA repatriam tunisino detido desde 2002 na base de GuantánamoMais de uma dezena de pessoas que foram condenadas por diferentes crimes - e algumas delas detidas depois de participarem em protestos históricos em 2021 - foram libertadas durante o dia, de acordo com grupos civis cubanos que acompanham os casos de detidos na ilha.
Na terça-feira, a administração Biden disse que notificou o Congresso da sua intenção de retirar a designação de Cuba como parte de um acordo facilitado pelo Vaticano. As autoridades cubanas libertariam alguns deles antes do fim da administração de Biden, a 20 de janeiro, disseram as autoridades.
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Horas mais tarde, o Ministério dos Negócios Estrangeiros cubano disse que o governo informou o Papa Francisco que iria libertar gradualmente 553 condenados, à medida que as autoridades explorassem formas legais e humanitárias de o fazer.
Havana não relacionou a libertação dos prisioneiros com a decisão dos EUA de retirar a designação, mas disse que era “no espírito do Jubileu Ordinário do ano 2025 declarado por Sua Santidade”, referindo-se à tradição do Jubileu Ordinário do Vaticano, que ocorre uma vez a cada 25 anos, durante o qual os fiéis católicos fazem peregrinações a Roma.
Veja Também Angola pagou quase sete mil milhões de dólares por quadros cubanosEm julho de 2021, milhares de cubanos saíram à rua para protestar contra os cortes de energia e a escassez generalizada, no contexto de uma grave crise económica. A repressão do governo contra os manifestantes, que incluiu prisões e detenções, suscitou críticas internacionais, enquanto as autoridades cubanas culparam as sanções dos EUA e uma campanha mediática pela agitação.
Em novembro, a organização não governamental cubana, a Justice 11J, afirmou que 554 pessoas continuavam detidas por causa dos protestos.
A intenção de Biden de retirar a designação de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo deverá ser revertida já na próxima semana, depois de o Presidente eleito Donald Trump tomar posse e de o Secretário de Estado designado Marco Rubio assumir o cargo de principal diplomata dos Estados Unidos.
Rubio, cuja família deixou Cuba na década de 1950, antes da revolução comunista que levou Fidel Castro ao poder, há muito que defende a imposição de sanções à ilha.