Empresários na cidade angolana do Soyo acusam o Governo de não lhes pagar o que deve, ao mesmo tempo que a situação económica nessa zona se deteriora com cidadãos a manifestarem desespero face aos problemas que têm que enfrentar para sobreviver.
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Os empresários dizem que responderam ao apelo do Executivo local para apoiar no combate à Covid 19, mas que a contrapartida do Estado tarda em chegar.
Fortunato Isak, disse à VOA, que “os agentes económicos aqui choram com as dívidas do Estado que até agora não paga as suas hospedarias, hotéis que foram ocupados no quadro das quarentenas da Covid-19”.
Veja Também Benguela: Fábrica inaugurada em Fevereiro não paga salários e está paralisada“Alguns até decidiram avançar com processos em tribunal contra as administrações, pelos seus espaços ocupados e até hoje não pagaram" acrescentou.
Isak disse ainda que a situação económica para o cidadão comum se está deteriorar.
"O dinheiro que dizem do programa Kwenda, nós aqui não vimos, também dizem que o preço da cesta básica baixou, tudo mentira, não baixou nada”, afirmou, acrescentando que “há total ausência do estado nesta transição da Covid-19, a situação aqui das populações vai agravando, o desemprego sempre em alta".
Hamilton Lemos, outro habitante da vila disse que “a saúde aqui é débil, a situação sócio económica das pessoas está doente.
“O Soyo produz tanta riqueza mas o seu povo não vê nada", lamentou Lemos para quem os programas de prevenção da Covid são uma lástima.
No município com mais de 250 mil habitantes há um só posto de vacinação contra a Covid-19.
"As pessoas das outras comunas têm de madrugar para conseguir uma vacina e ainda sofrem, são assaltadas pelos marginais, na quinta-feira aconteceu no meu bairro”, contou.
Raúl Paulo, também residente no Soyo, afirmou que as coisas se agravaram desde que começou a pandemia, em Março do ano passado, alguns que sobreviviam antes das suas lavras, agora nem isso podem mais.
"As pessoas aqui ficam em jejum dias e dias por não terem uns cem kwanzas para comer,” disse.
“Aqueles que viviam da agricultura nas suas lavras, o Executivo ocupou estas lavras para colocar os seus projectos, a população aqui ficou numa miséria extrema", afirmou Paulo para quem “o Governo aqui só se ocupa em arranjar a cidade com jardins, etc., mas o povo não come jardim, o povo quer saúde, o povo precisa de emprego, pelo menos um mínimo para sobreviver"
A VOA tentou falar com a Administração do Soyo, mas sem sucesso.