Alguns políticos moçambicanos defendem que se deve aproveitar a situação que se vive na base central da Renamo, na Gorongosa, para reescrever o Acordo Geral de Paz, porque desarmar os guerrilheiros a qualquer preço pode colocar em causa os esforços para a pacificação e democratização do país.
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Guerrilheiros da Renamo na serra da Gorongosa, ameaçaram, esta semana, não entregar as armas, no contexto do desarmamento acordado com o governo, enquanto o processo for dirigido por Ossufo Momade, Presidente da Renamo.
Esta contestação, na opinião do político Eduardo Sebastião, do Partido para o Desenvolvimento de Moçambique, resulta do facto de Ossufo Momade "não ser uma figura de confiança dos generais que sempre estiveram com o falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, na serra da Gorongosa, e que são aqueles que podem colocar em causa a paz em Moçambique".
Sebastião destacou que "Afonso Dhlakama disse a esses guerrilheiros que seriam desmobilizados e integrados na sociedade, mas, neste momento, esses homens questionam a forma como esse processo está a ser conduzido por Ossufo Momade, e alguns até o acusam de ter sido "comprado" pela Frelimo, para prejudicá-los".
"A situação na Renamo é séria"
"São homens que, na sua óptica, lutaram vários anos pela democracia, mas que não têm nenhum benefício e muitos deles já estão na idade da reforma. Eu penso que esta questão deve ser tratada com muito cuidado", afirmou ainda aquele político, para quem, "a situação na Renamo é séria".
Um tratamento ponderado e cuidadoso desta questão do desarmento é defendido também pelo político Raúl Domingos, antigo quadro sénior da Renamo, sublinhando que isso é que vai garantir uma paz efectiva e duradoira no país.
"Não vamos correr para depois termos um processo mal-acabado", defendeu Raúl Domingos, afirmando, no entanto, ser necessário compreender a origem do conflito dentro da Renamo, "porque Ossufo Momade foi eleito em congresso, pelo que ele é o legítimo presidente da Renamo".
Para Raúl Domingos, uma das coisas de que Ossufo Momade é acusado, é de ter preso e morto alguns oficiais superiores da Renamo, sublinhando que, a ser verdade, esse é problema não apenas da Renamo mas também da sociedade em geral.
Por seu turno, Yaqub Sibindy, do Partido Independente de Moçambique-PIMO, afirma que os moçambicanos devem aproveitar os acontecimentos na Gorongosa para uma reflexão profunda sobre o processo de paz.