A comunidade da missão católica do Tchihepepe no município dos Gambos decidiu bloquear o acesso a água aos fazendeiros por alegadamente se terem sentido traídos de uma suposta reunião agendada com a vice-governadora da Huíla para o sector político, social e económico.
Maria João Tchipalavela chegou a deslocar-se à comunidade, mas encontrou-se com uma outra que reside a mais de 30 quilómetros que se terá apresentado como aquela que disputa a água com os fazendeiros.
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A comunidade agora quer perceber o que motivou esse comportamento e promete vedar o acesso a água aos fazendeiros até que o assunto se esclareça, conforme disse Mariana Luís.
“Por causa disto eles fizeram aqui uma barreira para os fazendeiros não tirarem água daqui. Se tiverem que tirar água terão que chamar aquele povo do Nguelengue para explicar qual é o acordo que tiveram. Daqui não saem enquanto os do Lubango não vierem”, advertiu.
O bloqueio do caminho de acesso a água com pedras e paus é mais um capítulo que soma ao diferendo entre a comunidade da missão do Tchihepepe, que se opõe a um projecto governamental de água que os locais afirmam vir beneficiar fazendeiros entre os quais o próprio governador João Marcelino Tchipingui.
O director executivo da Associação Construindo Comunidades, (ACC), Domingos Fingo, diz que esta nova situação é consequência da corrupção dos líderes comunitários.
“Quando alguns líderes comunitários são corrompidos obviamente que eles acabam pondo em causa os interesses da maioria em relação aos seus próprios interesses”, sublinhou Fingo.
Para o padre da missão católica do Tchihepepe, Jacinto Pio Wakussanga, a comunidade que disputa a água contra os interesses instalados na zona representa uma minoria protegida pela carta universal dos direitos humanos.
“O grosso desta comunidade faz arte de um grupo minoritário defendido sob protocolo das Nações Unidas que defende as minorias”, lembrou Wakussanga.
A vice-governadora da Huíla para o sector político, social e económico, Maria João Tchipalavela, reitera o objectivo do Governo em relação ao projecto em curso.
“O que se pretende aqui é a gestão da água no sentido em que todos tenham este acesso”, garantiu Tchipalavela.