Continua envolta em mistério a presença de grandes manchas de uma substância não identificada nas águas marítimas de Luanda mas ambientalistas dizem tratar-se do resultado de poluição causada pelos esgotos ou por derrames industriais.
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Um ambientalista disse que a falta de cuidados para se proteger as águas é “um crime bárbaro” contra o ambiente e um perigo para a saúde público.
Segundo a Ministra do Ambiente, Ana Paula de Carvalho, é a primeira vez que algo dessa magnitude ocorre na costa angolana. Em comunicado divulgado na última quinta-feira, 12, o Ministério do Ambiente relatou ter detectado uma substância desconhecida flutuando nas águas próximas ao Porto de Luanda e áreas adjacentes. Uma equipa técnica foi mobilizada para investigar a origem e a extensão da contaminação.
Imagens e vídeos compartilhados nas redes sociais mostram grandes manchas de uma substância não identificada ao longo da costa de Luanda.
O ambientalista Avelino Martins explicou que a contaminação foi provocada por algas tóxicas, resultantes da poluição causada pelos esgotos da cidade.
“Neste sentido, é uma questão do país verificar o seu sistema de esgoto e analisar um plano piloto a ser construído no país todo, nas cidades que estão nas zonas costeiras e próximas das zonas fluviares, nas margens dos rios e nas foz de rios”, disse .
“É necessário que o esgoto da cidade de Luanda seja analisado e se faça um inquérito de como a baía de Luanda em si é poluída porque é uma situação muito grave”, acerscentou Martins para quem “estas algas marinhas liberam toxinas que podem ser prejudiciais à saúde humana e também podem dizimar espécies da vida marinha de alto valor gastronómico do país”.
Rafael Lucas - Presidente - Associação Minuto Verde, organização vocacionada a defesa do meio ambiente, considera um “crime bárbaro” o que se vive na costa de Luanda e fala na necessidade de acções urgentes para mitigar os danos.
A organização disse que ““despoletou uma equipa do Departamento Científico para investigar as reais causas desta poluição, entender a fonte desta poluição”.
“Embora as investigações estejam em andamento, mas a coloração castanha e as espumas observadas sugerem uma possível contaminação por derrame de combustível ou produtos químicos e dada a proximidade com áreas de atividades portuárias e pesqueiras, é plausível que o vazamento possa estar relacionado com operações marítimas, acidentes ou mesmo descargas ilegais”, opinuou Rafael Lucas para quem “outra possível causa está relacionada com o escoamento de poluentes de atividades industriais urbanas agravadas pela falta de infraestrutura adequada de saneamento em várias regiões da província de Luanda”.
A Ministra Ana Paula de Carvalho anunciou, entretanto, que as amostras da substância já estão ser analisadas, recordando à população que evite entrar no mar e consumir pescado até que os resultados sejam conhecidos.
A ministra frisou que uma comissão multissetorial foi criada para investigar se a origem da contaminação é natural ou causada por algum produto químico.