Crianças deslocadas da insurgência em Cabo Delgado vulneráveis a doenças, alerta o Unicef

  • Amâncio Miguel

Campo de deslocados 25 Junho, Metuge, Cabo Delgado

Milhares de crianças deslocadas pela insurgência em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, correm o risco de contrair doenças mortais, alerta o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Um comunicado da organização diz que aproximadamente 250 mil crianças correm esse risco. O mesmo menciona que condições como diarreia, de fácil tratamento, podem ser fatais para crianças deslocadas sem acesso a água potável e saneamento adequado.

Especialistas dizem que as crianças que sofrem de desnutrição são consideradas particularmente vulneráveis. Duas em cada cinco crianças de Cabo Delgado sofrem de desnutrição crónica.

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Os insurgentes ligados ao Estado Islâmico atormentam a população de distritos do norte de Cabo Delgado desde 2017. Pelo menos duas mil pessoas foram mortas e mais de meio milhão forçadas à condição de deslocadas.

Acampamentos superlotados

As pessoas deslocadas estão em acampamentos superlotados na cidade de Pemba e noutras províncias vizinhas como Nampula e Niassa. Há registo de mais casos de desnutrição aguda severa entre a população deslocada.

O Unicef diz em comunicado que está preocupada com a insuficiência de água potável, saneamento e higiene para atender às necessidades crescentes de crianças e famílias nesses centros de acomodação e nas comunidades anfitriãs.

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A agência procura angariar 52,8 milhões de dólares para responder às necessidades humanitárias mais urgentes em Moçambique, incluindo 30 milhões para o Plano de Resposta Humanitária para Cabo Delgado.

“À medida que as condições na província se deterioram ainda mais - especialmente com o início da estação das chuvas - os sistemas de água, saneamento e saúde estão sob pressão cada vez maior. Os parceiros humanitários no terreno devem apoiar esses serviços para proteger a vida e o bem-estar das crianças da região,” disse a diretora executiva do UNICEF Henrietta Fore.

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