A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não terá futuro se não houver mobilidade entre os seus Estados membros e se continuar como uma estrutura das elites políticas.
A opinião é de personalidades são-tomenses que disseram à VOA que, em 25 anos de existência, a CPLP não passou de uma estrutura para as elites dos Estados membros.
Your browser doesn’t support HTML5
O presidente da Câmara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços de São Tomé e Príncipe toma como exemplo a questão do visto e diz que não compreende a dificuldade na sua concessão para os empresários que pretendam se movimentar no espaço da comunidade, mesmo quando se tratam de membros da Confederação Empresarial da CPLP.
Veja Também CPLP: Analistas moçambicanos consideram que organização não tem impacto na sociedade“Particularmente quando se pretende viajar para Portugal, que é a nossa porta de entrada na Europa, a concessão de visto é extremamente complicada e isto não se compadece com relações empresariais”, afirma Jorge Correia, alertando que por este andar a CPLP não terá progresso.
“A melhor forma que nós entendemos para unir os cidadãos desta comunidade é através de negócios, e negócios não se compadecem com burocracias. Por isso, se esta questão de mobilidade não for ultrapassada, esta comunidade não terá futuro”, reforça aquele empresário.
Por seu lado o jornalista e antigo presidente do Instituto da Juventude de São Tomé e Príncipe, Carlos Tiny, olha para a CPLP com uma estrutura que se preocupa apenas com as elites dos países que a compõem.
“Há necessidade dessa organização aproximar os cidadãos. Da maneira que está montada a CPLP parece que é uma estrutura para as elites. É preciso olhar mais para as pessoas”, propõe Tiny, sublinhando que em 25 anos da sua existência, a CPLP não teve qualquer impacto em São Tomé e Príncipe, fora os eventos institucionais de rotatividade entre os Estados membros.
“E não falo só de São Tomé e Príncipe. Se olharmos para Moçambique para a questão de Cabo Delgado, qual tem sido o papel da CPLP?”, questiona.
Entretanto, o primeiro-ministro do arquipélago, Jorge Bom Jesus, mostra-se mais confiante no futuro da comunidade no que toca à problemática questão da mobilidade entre os cidadãos, apesar de considerar que o acordo a ser assinado em Luanda não será perfeito.
“Que passemos desta CPLP institucional, formal, para uma CPLP das pessoas, em que seja de facto um grande espaço de mobilidade, mesmo sabendo que não será um acordo perfeito, mas haverá acordos bilaterais de especificidade de cada estado membro”, afirmou Bom Jesus antes de deixar São Tomé com destino a Luanda.
A CPLP assinala os 25 anos neste sábado, 17 de Julho.