A nova onda de casos da covid-19 no arquipélago cabo-verdiano leva especialistas a pedirem que se reactive algumas medidas preventivas nomeadamente a obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços fechados e nos eventos de grandes aglomerações, sem esquecer maior aceleração no processo da toma de doses de reforço, tal como já está a acontecer noutras paragens.
Neste momento, o país contabiliza 317 casos activos, quando em meados de Dezembro apresentou números que rondavam entre 4 e 7 casos activos.
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O antigo director geral da saúde, António Pedro Delgado, não tem dúvida de que se precipitou na tomada de decisão para a retirada do uso de máscaras, até porque diz, não está provado que o uso desse meio de protecção seja prejudicial.
Delgado, que foi representante da OMS na Guiné-Bissau, adianta que "para mim a máscara era a última coisa a tirar, primeiro porque não provoca nenhum problema, segundo é que a pessoa ao utilizar está a proteger-se e naturalmente protege os outros".
Já o cardiologista Dário Dantas dos Reis entende que o uso de máscaras é essencial, mas não acredita que isso por si só vá ajudar a melhorar a situação, tendo em conta conforme diz, a forma " incorrecta como muitos cidadãos as utilizavam, tanta gente e mesmo muitas que deviam ter mais responsabilidades e que colocam debaixo do queixo e que utilizam mais tempo do que número de horas que são aconselhadas".
O antigo bastonário da Ordem dos Médicos e ex-ministro da saúde considera que se deve rever a questão dos ajuntamentos, embora ache que agora ficará difícil sensibilizar muita gente, tendo em conta a forma rápida como se abriu. Defende também maior aceleração na toma da dose de reforço cuja taxa ainda baixa ronda os 24 por cento, bem como a introdução da 4ª dose para pessoas com mais de 70 anos.
"Pessoas que têm talvez mais consciência aguda da gravidade de uma infecção nestas idades e provavelmente com mais medo de morrer do que aquelas com 25 anos que muitas delas estão convencidas que nunca morrerão, portanto eu penso que uma 4ª dose ela iria ter mais adesão do que teve a 3ª dose", afirmou Dantas dos Reis.
A bem poucos dias numa conversa com o diretor nacional da saúde, este nos informou que as autoridades sanitárias estão a seguir a evolução epidemiológica com atenção e que poderão ser anunciadas novas medidas em função do número de casos.
Jorge Noel Barreto afirmou ainda que independente das medidas em vigor, cada cidadão deve fazer a sua parte em termos de prevenção, neste caso seguir as seguintes normas: evitar aglomerações, usar máscara sempre que se justificar, lavar e desinfectar as mãos e fazer a dose de reforço em termos de vacinação.
Refira-se que o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, acusou positivo depois de ter realizado um teste PCR, estando sem sintomas a cumprir os sete dias de isolamento domiciliar.