Conversações sobre cessar-fogo na Faixa de Gaza agendadas para quinta-feira em Doha

  • AFP

Protestos em Israel contra Netanyahu

Hamas disse que não participaria na nova ronda de negociações, mas que os mediadores esperavam consultar o grupo palestiniano posteriormente. Ataque iraniano a Israel depende das negociações.

Os chefes de espionagem israelitas vão participar em conversações em Doha, na quinta-feira, 15, com o objetivo de obter um cessar-fogo em Gaza e um acordo para a libertação de reféns, após mais de 10 meses de guerra, informou o gabinete do primeiro-ministro na quarta-feira.

"O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovou a partida da delegação israelita para Doha amanhã, bem como o mandato para a condução das negociações", refere um comunicado.

O chefe da agência de espionagem israelita Mossad, David Barnea, e o chefe do serviço de segurança Shin Bet, Ronen Bar, fazem parte da equipa, disse à AFP o porta-voz de Netanyahu, Omer Dostri.

"O chefe da Mossad, o chefe do Shin Bet, Nitzan Alon e Ophir Falk" compõem a equipa, disse Dostri. Alon coordena as questões relacionadas com os reféns e Falk é conselheiro político de Netanyahu.

O Hamas disse na quarta-feira, 14, que não participaria na nova ronda de negociações sobre o cessar-fogo em Gaza, mas um funcionário informado sobre as negociações disse que os mediadores esperavam consultar o grupo palestiniano posteriormente.

As negociações com os mediadores continuam e até se intensificaram nas últimas horas", afirmou à AFP um responsável do Hamas, sob condição de anonimato.

"O Hamas quer que o plano Biden seja imposto e não quer negociar só por negociar", disse o funcionário, referindo-se a uma proposta de cessar-fogo apresentada no final de maio pelo Presidente dos EUA, Joe Biden.

Ataque iraniano a Israel depende das negociações

O Presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou na terça-feira que um cessar-fogo poderia evitar um ataque iraniano a Israel, anunciado por Teerão em retaliação pelo assassinato, atribuído a Israel, do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, na capital iraniana, a 31 de julho.

Biden garantiu à sua audiência que "não desiste" deste objetivo, apesar de as negociações para uma trégua se estarem a tornar "difíceis".

Não há "mais tempo a perder", disse o enviado dos EUA, Amos Hochstei,n em Beirute, na quarta-feira, 14, uma vez que um cessar-fogo poderia também pôr fim à troca de tiros entre o exército israelita e o movimento islâmico libanês Hezbollah, um aliado do Hamas e de Teerão.

O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse na quarta-feira que o seu grupo aceitaria a decisão do aliado palestiniano Hamas sobre as negociações de tréguas em Gaza e que cessaria os ataques transfronteiriços a Israel se fosse alcançado um cessar-fogo.

Três altos funcionários iranianos afirmaram que só um acordo de cessar-fogo em Gaza impediria o Irão de retaliar diretamente Israel pelo assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, no seu território, no mês passado.

Qatar vai acolher as negociações

O Qatar será o anfitrião das conversações sobre o cessar-fogo em Gaza na quinta-feira, segundo fontes próximas das negociações, procurando um acordo até agora ilusório que os Estados Unidos esperam que impeça o Irão de atacar Israel e evite uma guerra mais vasta.

Os mediadores dos Estados Unidos, do Qatar e do Egito convidaram Israel e o Hamas para negociações destinadas a pôr fim aos combates que, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, dirigida pelo Hamas, já causaram cerca de 40.000 mortos no território palestiniano.

As conversações terão lugar em Doha, capital do Qatar, segundo uma fonte próxima do Hamas e uma segunda fonte próxima das negociações.

De acordo com uma fonte norte-americana familiarizada com a reunião de Doha, está prevista a participação do diretor da CIA, William Burns.

Na terça-feira, o gabinete de Netanyahu detalhou as condições de Israel para uma trégua, incluindo "um veto a certos prisioneiros" a serem libertados das suas prisões.

Os esforços de mediação têm sido repetidamente interrompidos desde um cessar-fogo de uma semana em novembro - a única pausa até agora na guerra - quando dezenas de reféns foram libertados pelos militantes em troca de prisioneiros palestinianos detidos nas prisões israelitas.

Um responsável do Hamas afirmou que o movimento islamita "continua as suas consultas com os mediadores”.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, disse aos jornalistas que "os nossos parceiros do Qatar garantiram-nos que estão a trabalhar para garantir que o Hamas também esteja representado" em Doha.

O último esforço de mediação surge num momento em que as tensões regionais aumentaram após o assassinato, a 31 de julho, do líder político do Hamas e negociador de tréguas, Ismail Haniyeh, durante uma visita a Teerão.

O Irão e os seus aliados culparam Israel, que não reivindicou a responsabilidade pelo ataque, que Teerão e os grupos armados que apoia na região prometeram vingar, aumentando os receios de um conflito mais vasto, mais de 10 meses após o início da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza.

c/ Reuters