Um surto de conjuntivite hemorrágica continua a alastrar-se em Sofala, infetando agora 600 profissionais de saúde, mais de 10.000 alunos e centenas de professores, numa altura em que se luta com falta de medicamentos para combater a doença.
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A preocupação estende-se ao sector da educação, onde se verifica o abandono escolar por receio de contágio, informaram fontes oficias à VOA.
Ao mesmo tempo, com a falta de medicamentos muitos recorrem a tratamentos tradicionais, alguns envolvendo o uso de fezes de animais e urina o que, avisam os especialistas, pode causar cegueira.
Desde que foi detectado o primeiro caso, a 28 de Fevereiro, na cidade da Beira, a doença, que é caracterizada por inflamação das pálpebras, olhos vermelhos, lacrimejo, dor nos olhos, sensação de presença de corpo estranho nos olhos e secreção (remela), continua presente, deixando a população apreensiva.
Nas unidades sanitárias dos maiores centros urbanos da província, em particular na Beira, o epicentro da contaminação com maiores índices, há falta de medicamentos para o tratamento da doença, lamentaram alguns cidadãos.
“Os medicamentos nas farmácias públicas estão a ser muito difíceis de encontrar. Só encontramos nas farmácias privadas. Está muito caro. Por exemplo estava a 50 meticais e agora está 300. É difícil encontrar o medicamento”, disse Maria Jaime, residente.
Outro munícipe, Albano Cuzua, disse: “remédio não tem aqui no hospital. Dera-me a informação de que tenho que lavar a cara com água e sabão. Vou tentar”.
A directora provincial da Saúde, Neusa Joel, disse que pelo menos 6.500 pessoas infectadas procuraram os serviços de saúde na província, na sua maioria na Beira e admite que este número esteja muito abaixo da realidade, visto que nas comunidades muitos não procuram pelos serviços, optando por tratamentos não convencionais.
Número de infectados diminui
“Alguns usam urina para lavar a cara, fezes de animais misturados com água. Não aconselhamos essa prática com risco de contrair consequências até a cegueira para este paciente”, disse Neusa Joel.
A directora aponta a falta de informação de métodos de prevenção e problemas de saneamento como os principais factores que contribuíram para o maior alastramento da doença. Os níveis de infecção reduziram nos últimos dois dias em resultado de campanhas de sensibilização e palestras que o sector tem levado a cabo nas comunidades, empresas públicas e escolas.
“Até ao dia 25 tínhamos uma média de 900 a 905 casos por dia na província, mas nestes últimos dois dias estamos com uma média de 45 casos diagnosticados com conjuntivite hemorrágica por dia”, confirmou.
Entretanto, a educação está comprometida e os níveis de contaminação são alarmantes, factos que preocupam o sector. Segundo a chefe do Departamento de nutrição e saúde escolar, na direcção provincial de educação, Sarita Fainde, perto de 13 mil alunos e 544 professores de diferentes sistemas de ensino foram contaminados.
Por temerem infectarem-se, muitos alunos não estão a ir para a escolas, situação que se poderá reflectir negativamente no aproveitamento pedagógico, caso se mantenha o ritmo do nível de contaminação.
“Enquanto não se declarar como uma pandemia e sendo apenas um surto as aulas continuam. A orientação é os professores redobrarem esforços no sentido de recuperar as aulas que estão a ser perdidas para essas crianças que estão em casa por temer a contaminação”, disse.
De acordo com a recente actualização do Ministério da Saúde, sete províncias do país, nomeadamente, Maputo, Inhambane, Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Zambézia e Sofala estão afectadas pelo surto de conjuntivite.