No dia em que arrancou a Conferência de Doadores da Beira, o autarca daquela cidade, Daviz Simango, considerou “crucial” uma acção coordenada do sector bancário e dos doadores nacionais e internacionais para a recuperação das casas nas áreas urbanas e peri-urbanas, não havendo uma linha de financiamento informal para habitação dos mais desfavorecidos.
Em Moçambique, após os desastres, os governos têm se desdobrado em financiamento locais, mas a destruição do ciclone Idai desafia o envolvimento do sector bancário e dos doadores internacionais na reconstrução das principais infraestruturas sociais e económicas.
Ao intervir na conferência, que começou nesta sexta-feira, 3, e termina amanhã, Daviz Simango afirmou que a edilidade está a trabalhar para que as camadas vulneráveis tenham acesso à produtividade financeira, que possam produzir, e a partir dos rendimentos que tem possam reerguer-se.
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Não queremos crédito à habitação, queremos a bancarização, através dos mecanismos junto aos parceiros, para que o banco possa dar oportunidade às famílias” precisou Simango.
Ele anunciou a existência de um financiamento de dois milhões de euros para se iniciar um projecto de “aterros, ordenamento, rede de água, de esgoto e de energia, rede elétrica, sistema de drenagem e construir as casas de uma forma resiliente e segura”.
Simango espera “que a conferência de doadores venha a responder a outras necessidades”.
O director-executivo do Gabinete de Reconstrução Pós-ciclones, Francisco Perreira, desafiou também os doadores nacionais e internacionais a mudarem a politica de financiamento para atender as classes desfavorecidas, sobretudo o sector de habitação, que mais ficou fustigada.
“Para habitação, embora não haja uma prática anterior de financiamento da comunidade internacional, talvez possamos mudar essa situação (face a estes ciclones)”, sublinhou Pereira, na abertura do evento, organizador pelo Governo em parceria com as Nações Unidas, União Europeia, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento.
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Cerca de 100 projectos sócio-económicos, do plano de reconstrução da Beira, estão a ser discutidos por 700 convidados, tais como a reconstrução de hospitais e escolas, protecção costeira, estradas e habitações.
O debate sobre a modalidade de financiamento e fluxos financeiros foi feito a portas fechadas, sugerindo a necessidade de aprimorar os canais de injecção das doações, para servirem aos projectos prioritários da reconstrução.
Dados da autarquia indicam que 300 habitações coloniais, junto à zona costeira foram severamente afectados pelo ciclone Idai.
No total, 23,822 casas ficaram totalmente destruídas,e outras 63,506 sofreram danos estruturais.
Ainda de acordo com as mesmas fontes, aproximada 70% da casas em toda a cidade da Beira foram afectadas pelo ciclone Idai, sendo a causa decisiva para os danos a qualidade das obras e a as características geográficas da sua localização, implicando por isso a reconstrução de casas resilientes.
Um estudo encomendado pela agência das Nações Unidas para a Habitação (UN-Habitat) indica que 30% das casas urbanas na zona cimento da Beira, como o bairro de Chaimite tiveram níveis de estragos altos, enquanto nas zonas peri-urbanas, como Chota e Munhava, 95% de casas convencionais – em base de bloco de cimento e chapas de zinco – sofreram.
No sábado, 1, no encerramento da Conferência serão anunciados os valores a serem colocados à disposição das autoridades moçambicanas.