Com as autoridades americanas prestes a iniciarem um processo-crime contra uma companhia que opera em Angola, as autoridades angolanas retiraram a participação em dois blocos petrolíferos de uma companhia angolana associada à operadora americana.
A empresa angolana em causa é a Nazaki Oil and Gas que, de acordo com investigações publicadas em vários meios de comunicação internacionais, é ou foi propriedade de destacadas figuras políticas angolanas.
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No início do mês foi revelado que as autoridades americanas planeiam iniciar em breve acções judiciais contra a companhia americana Cobalt por alegado envolvimento em actos de suborno e corrupção em Angola.
As investigações foram iniciadas há alguns anos atrás depois de ter sido noticiado que a Cobalt tinha ganho acesso à exploração de dois blocos petrolíferos, associando-se a uma companhia angolana com o nome de Nazaki.
As alegadas violações envolvem leis americanas contra o suborno de entidades estrangeiras e, neste caso, involucram alegadamente o vice-presidente angolano Manuel Vicente, o General Hélder Manuel Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e o General Leopoldino Fragoso do Nascimento.
Investigações do jornalista e activista Rafael Marques concluíram que Nazaki era propriedade do Grupo Aquattro Internacional SA, que controlava 99.96% do capital da Nazaki Oil & Gaz, com escritórios no mesmo edifício da Cobalt em Angola e que alegadamente não tinha qualquer passado de exploração petrolífera.
Acto contínuo, Manuel Vicente e o General Kopelipa reconheceram em cartas enviadas ao jornal Financial Times de Londres que eram accionistas na companhia Nazaki, mas reiterarem ter agido de acordo com a lei angolana e negaram qualquer envolvimento em acções de tráfico de influência para obterem vantagens ilícitas como accionistas na companhia.
A companhia Aquattro teria sido, entretanto, dissolvida, mas os accionistas angolanos não especificaram se já não detinham interesses na Nazaki.
Dois decretos agora emitidos pelo Governo angolano excluem a Nazaki de participar na exploração daqueles dois blocos petrolíferos por não possuir “os requisitos legais para ser associada da concessionária nacional, Sonangol, pois não cumpriu os seus compromissos económicos e financeiros relacionados com o pagamento de parte dos custos em que incorreu o consorcio”.
A Cobalt tinha anteriormente dito desconhecer que a Nazaki pertencia a dirigentes angolanos, afirmando que foi a companhia estatal angolana Sonangol a nomear a Nazaki como parceira.
O actual vice-presidente angolano Manuel Vicente era, na altura, director-geral da Sonangol.