Companhia de diamantes russa sem acesso a lucros obtidos em Angola

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Alrosa pode abandonar projecto de Catoca devido a sanções americanas

O futuro da companhia russa Alrosa na exploração de diamantes em Angola está em perigo depois das autoridades angolanas terem bloqueado a transferência de 185 milhões de dólares de dividendos da empresa.

A agência de notícias oficial angolana ANGOP informou que uma comissão conjunta dos dois países discutiu segunda feira, 17, “mecanismos para o repatriamento de dividendos da companhia russa Alrosa como parte da sua participação na Sociedade Mineira de Catoca”, mas não chegou a acordo.

Mina de diamantes em Catoca

A Alrosa controla oficialmente 32,8% da mina de Catoca e lhe é devido um total de 185 milhões de dólares referentes a 100 milhões de dólares das operações em 2021 e outros 85 milhões em 2022

Analistas fazem notar a queda em mais do dobro dos lucros da Alrosa em Angola de 2021 para 2022 e, embora não tenha sido oferecida uma explicação para tal, 2022 foi o ano em que os Estados Unidos impuseram sanções a companhias russas, incluindo a Alrosa, devido à invasão da Rússia à Ucrânia.

Com efeito, em Fevereiro do ano passado a Alrosa foi alvo de uma primeira fase de sanções que assim se viu privada de aceder a capital estrangeiro, participar em transacções financeiras e teve os seus bens em países ocidentais congelados.

Em Abril do ano passado, as autoridades americanas colocaram subsequentemente a Alrosa na sua lista de “Specially Designated Nationals”, o que significa que companhias americanas estão proibidas de ter qualquer negócio com a companhia russa que deixou também de poder efectuar qualquer transacção em dólares.

As sanções proíbiram a importação de diamantes da Rússia que chega a 28% da produção global.

Entretanto, na altura, fez-se notar que quase 90% dos diamantes de Angola são exportados para o Dubai, pelo que a venda desses diamantes, depois de polidos, para o Dubai parecia não estarem abrangidos.

Os dados parecem indicar que houve uma queda na venda dos diamantes e, embora isso se possa também dever à crise económica causada pela Covid-19, o futuro da Alrosa em Angola está agora em dúvida e o bloqueio das transferências deve-se às sanções americanas

A ANGOP noticiou que o director do Gabinete de Intercâmbio do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Luís Baptista António, afirmou que o encontro entre as duas partes “não produziu resultados definitivos pelo que grupos técnicos vão continuar a realizar reuniões para se alcançar uma solução que satisfaça ambas as partes com a boa fé de Angola”.

António indicou haver a possibilidade da Alrosa deixar Angola e afirmour que no encontro foi discutida a continuidade da empresa no projecto de Catoca.

Enretanto, António sublinhou que “a saída da Alrosa não implica quaisquer constragimentos no progresso da exploração de diamantes”.

O importante é encontrar mecanismos para continuar a produçao em Catoca, concluiu aquele responsável angolano citado pela ANGOP.