Comissão para paz em Cabo Delgado procura novos rostos para diálogo com os rebeldes

Mozambican army patrol, Palma, Cabo Delgado

O coordenador da comissão multissectorial para o diálogo para a paz na província moçambicana de Cabo Delgado, , anunciou hoje que vai realizar, dentro do próximo mês de Fevereiro, a primeira missão exploratória para a identificação de possíveis interlocutores para possíveis negociações com os grupos de insurgência, para o fim do conflito.

Falando em exclusivo à Voz da América, o Sheik Aminudin Muhamad, presidente do Conselho islâmico de Moçambique, que é o rosto mais visível da Comissão multissectorial que integra representantes de organizações nacionais da sociedade civil, religiosa e organismos internacionais, explicou que a ideia é criar pontes para um diálogo em prol da pacificação daquela região do país.

“Sabemos que nem sempre a via militar pode resultar para trazer a paz e, com base nas experiências anteriores, vimos que foi através do diálogo que a guerra terminou, e a nossa ideia é tentar ver se resulta” explicou aquele líder religioso.

Inicialmente, a missão que agora passa para o próximo mês, estava prevista para a última semana de Janeiro corrente, contudo, os novos desenvolvimentos no chamado Teatro Operacional Norte, ditaram a mudança do cronograma.

“Há novos desenvolvimentos no terreno que determinaram a mudança. Quando nós começamos com esta ideia, o nome mais conhecido da liderança dos insurgentes era o Bonomade Machude que, acabaria morto pelas Forças de Defesa e Segurança, tendo surgido novas caras e estamos a procurar ver se chegamos a alguns contactos”, explicou.

Sheik Aminudin admite que a tarefa não será completamente fácil, devido aos factores envolvidos, nomeadamente, os interesses que suportam o movimento da insurgência e, por isso, não promete resultados “de um dia para o outro”.

Albino Forquilha, activista social e especialista em assuntos militares considera que a aposta no diálogo é um dos caminhos que estava em falta para resolver o conflito uma vez que “está visto que a via militar não está a trazer os resultados que se esperava, pelo menos a curto prazo”.