O debate instrutório do julgamento, no Tribunal Provincial em Pemba, do jornalista moçambicano Amade Abubacar, detido a 5 de Janeiro quando entrevistava residentes em Macomia, começou nesta quinta-feira, 23, com a acusação dos crimes de instigação pública, instigação simples e injúria.
Ele foi libertado três meses depois e agora o Ministério Público diz que usou uma conta no Facebook, em nome de Shakira Letícia, para lançar mensagens não abonatórias contra as Forças de Defesa e Segurança.
O teor da acusação, a que o portal Carta de Moçambique teve acesso, é diferente do inicial, quando ele foi apontado como tento tentado violar segredos de Estado com recursos a meios informáticos.
O documento, ainda de acordo com a mesma fonte, não apresenta elementos de provas, mas apenas declarações de cinco colegas de Abubacar na Rádio Comunitária Nacedje, de Macomia, na sua maioria funcionários do Estado.
A história
A Carta de Moçambique diz ter investigado e localizado parte dos jovens filmados pela tal Shakira, “como se tivessem sido pagos por sua participação nas matanças”, na província de Cabo Delgado.
Shakira Júnior Lectícia manteve durante 13 meses uma conta no Facebook na qual exaltava a insurgência em Cabo Delgado.
A Carta de Moçambique, do qual Abubacar é colaborador, revelou que antes de ter sido detido o seu telefone foi roubado.
O jornalista e o seu advogado desmentem todas as versões do Ministério Público, dizendo que ele apenas estava a fazer o seu trabalho como jornalista de investigação.
Recorde-se que o colegado de Abubacar, Germano Daniel Adriano, foi detido pouco tempo depois.
Ambos foram colocados em liberdade a 23 de Abril sob Termo de Identidade e Residência.