Colaboradores de Bubu Na Tchuto admitem ter conspirado para traficar droga

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António Indjai (esq.) e Bubo Na Tchuto (Foto de arquivo)

Segundo a acusação do procurador de Manhattan, o antigo homem forte da marinha guineense recebia cerca de um milhão de dólares por cada operação.
Dois antigos colaboradores do ex-chefe de Estado Maior da Marinha da Guiné-Bissau Bubo Na Tchuto declararam-se culpados de conspirar para traficar droga da América Latina para os Estados Unidos e a Europa num Tribunal de Nova Iorque.

Com esta confissão, a procuradoria de Manhatan encontrou um forte aliado para acusar Bubu Na Tchuto e seus colaboradores de tráfico de drogas no julgamento que deve começar em Junho.

Tchamy Yala e Papis Djeme prestaram declarações na segunda e terça-feira junto do juiz que tem em mãos o processo contra Bubu na Tchuto e os dois colaboradores, detidos numa operação encoberta da Agência Anti-Droga dos Estados Unidos (DEA) em águas internacionais próximas da Guiné-Bissau.

Segundo a agência Reuters, o julgamento de José Américo Bubo Na Tchuto, Tchamy Yala e Papis Djeme está previsto para Junho e deverá ocorrer até Setembro quando será lida a sentença.

O antigo chefe de Estado Maior da Marinha da Guiné-Bissau continua a refutar a acusação de tráfico de droga e incorre na pena de prisão perpétua. Os dois antigos colaboradores de Bubu Na Tchuto, no entanto, podem ter decidido colaborar com a acusação para confessar o crime, recebendo em troca uma pena bem menor.

O contra-almirante e seus colaboradores foram presos a 4 de Abril de 2013 pela DEA que durante um ano seguiu os passos de Bubo Na Tchuto com recurso a vários agentes encobertos.

Atraído para um barco no qual ele pensava ir encontrar-se com um fornecedor e um intermediário, Bubo Na Tchuto foi surpreendido pelos agentes americanos que o detiveram, juntamente com mais quatro pessoas, duas das quais libertadas em Cabo Verde, onde se fez o transbordo de Na Tchuto, Yala e Djeme para o avião que os trouxe aos Estados Unidos.

Segundo a acusação do procurador de Manhattan, o antigo homem forte da marinha guineense recebia cerca de um milhão de dólares por cada operação.

Entretanto, na primeira audiência de Bubo Na Tchuto num tribunal de Nova Iorque, em Abril do ano passado, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou formalmente o chefe de Estado Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau Antonio Indjai de planear traficar droga para os Estados Unidos e vender armas aos rebeldes colombianos das FARC.

Indjai foi acusado de quatro crimes: conspiração narco-terrorista, conspiração para fornecer material a um organização terrorista estrangeira, conspiração para importar cocaína e conspiração para adquirir e transferir mísses anti-aéreos.

O chefe de Estado Maior guineense refutou sempre as acusações e o Governo de Transição acusou os Estados Unidos de terem detido Bubo na Tchuto nas suas águas territoriais com a ajuda de polícias cabo-verdianos.

Por sua vez, o Governo de Cabo Verde negou que os seus policiais tenham participado na operação, mas tão somente disponibilizado o seu território para o trasbordo dos detidos.