Juristas moçambicanos dizem que o Governo deve flexibilizar a aprovação de um novo código de processo penal para uma eficaz aplicação da lei penal, incluindo a legislação sobre o enriquecimento ilícito e a violação dos direitos humanos.
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O Parlamento moçambicano aprovou, na semana passada, o novo Código Penal, mas sem o respectivo Código de Processo Penal, tido como uma peça fundamental de diálogo sempre renovado, entre a vertente liberal e a vertente social do Estado de direito democrático.
O jurista Baltazar Fael, afecto ao Centro de Integridade Pública(CIP) diz que sem o Código de Processo Penal, o combate á corrupção, por exemplo, sempre vai ser problemático.
"Há reclamações por parte do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) pelo facto de o Código de Processo Penal ainda não estar aprovado, e é este código que traz a criminalização dos actos de crimes de colarinho branco ao nível da corrupção. Neste momento, o GCCC nao tem instrumentos para combater o enriquecimento ilícito e o tráfico de influencias", destacou.
A ministra moçambicana da Justiça Benvinda Levi diz que o novo Código de Processo Penal vai constituir matéria prioritária para o próximo Governo e para a próxima legislatura.
Para o jurista João Nhampossa, advogado da Liga moçambicana dos Direitos Humanos, o próximo Governo deve criar todas as condições para que as instituições de justiça funcionem.
Na sua opinião, "só assim é que teremos uma procuradoria que investiga casos de ilegalidade que afectem os direitos humanos sem nenhum tipo de discriminação, seja uma multinacional, seja qualquer autoridade a usurpar terras das comunidades, no âmbito da exploração de recursos naturais ou qualquer outra actividade".
Refira-se que o próprio presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade Teodoro Waty defende também a aprovação do Código de Processo Penal, afirmando que sem isso, o Código Penal, aprovado por consenso, será um elefante branco.