O primeiro-ministro de Cabo Verde afirmou a posição do Governo contra a invasão da Ucrânia pela Rússia justifica a sua ausência do arquipélago na Cimeira Rússia-África que começa amanhã, 27, em São Petersburgo.
Dos países africanos de língua portuguesa, apenas Cabo Verde estará ausente do evento em que participam 17 presidentes dos 54 Estados africanos.
Filipe Nyusi, de Moçambique, e Umaro Sissoco Embaló, da Guiné-Bissau, marcarão presença, com Nyusi a ter um encontro com o anfitrião Vladimir Putin.
Angola envia o ministro das Relações Exteriores, Tete António, e o embaixador de São Tomé e Príncipe em Lisboa e Moscovo, António Quintas, representará o seu país.
Na cidade da Praia, antes de uma cerimónia oficial, Ulisses Correia e Silva justificou que, no contexto de guerra, Cabo Verde não pode indicar qualquer apoio à invasão.
“Fomos coerentes desde o primeiro momento, condenamos a invasão da Rússia à Ucrânia nos fóruns próprios a nível das resoluções das Nações Unidas e continuamos com a mesma opção, de até esta guerra terminar não termos nenhuma ação que possa ser considerada como apoio à invasão”, afirmou Correia e Silva.
Moscovo informou que 47 dos 54 países estarão representados da Cimeira em que o Governo russo espera assinar com os Estados africanos um “Plano de acção até 2026” e uma série de documentos bilaterais.
Num comunicado divulgado hoje, o Kremlin disse que o plano terá "abordagens coordenadas para o desenvolvimento da cooperação russo-africana".
"A atenção principal será dada às perspetivas para o desenvolvimento das relações entre a África e a Rússia, com ênfase na nossa assistência ao desenvolvimento soberano nacional dos africanos, garantindo acesso justo a alimentos, fertilizantes, tecnologias modernas e recursos energéticos", disse o conselheiro para política externa no Kremlin.
Yuri Ushako acrescentou que Vladimir Putin irá fazer uma “grande declaração”, na qual abordará temas ligados aos alimentos e fertilizantes.
Ante as preocupações dos líderes africanos sobre o fim do acordo para a comercialização de cereais ucranianos, Moscovo procurou tranquilizar os parceiros africanos, dizendo que compreende a sua "preocupação" .