O Presidente da Guiné-Bissau é um dos dois Chefes de Estado de países africanos de língua portuguesa que vão participar na Cimeira Rússia–África, que começa nesta quinta-feira, 27, em São Petersburgo.
Moçambique também estará representado ao mais alto nível.
Umaro Sissoco Embaló não deu detalhes da sua participação no evento organizado pelo Governo russo que denunciou o que chamou de pressões sem precedentes dos países ocidentais sobre os líderes africanos para não participarem no evento.
Citado pelo jornal O Democrata, no dia 21, ele lembrou, no entanto, que participou na reunião da União Europeia e África, bem como dos Estados Unidos e África.
Entretanto, Sissoco Embaló afirmou ser do "grupo que se posiciona contra este tipo da reuniões. Serão 54 chefes de Estado da África a reunirem-se com apenas um chefe de Estado".
Ele acrescentou que "estamos a analisar a possibilidade de no futuro, apenas o presidente em exercício da União Africana e os presidentes em exercício das nossas organizações sub-regionais, a CEDEAO SADC, CEAC, entre outros passarem a participar nestas reuniões”.
Riscos e benefícios
Em conversa com a Voz da América, Fernando da Fonseca, especialista em política internacional, considera que a participação da Guiné-Bissau na Cimeira não vai ter qualquer implicação.
"No âmbito do sistema internacional, a Guiné-Bissau é um actor insignificante. Quando se é um actor insignificante, a posição, a voz ou o seu discurso não têm impacto significativo para alterar ou gerar algum tipo de implicações no sistema internacional", diz Fonseca.
Aquele analista, entretanto, afirma que Bissau pode ter o "beneficio de que a Rússia passará a ter a Guiné-Bissau como um amigo que esteve presente no momento mais conturbado da existência do Estado russo".
"Os benefícios também podem ampliar o fortalecimento da cooperação existente entre a Rússia e a Guiné-Bissau, nomeadamente no domínio da formação de quadros e de reforço de capacidade das nossas forças armadas", sustenta Fonseca.
No que tange a eventuais riscos, aquele especialista aponta que Bissau pode ser criticada pelos "países da União Europeia e dos Estados Unidos, que hoje são uma oposição a essa guerra e pode ser visto por estes países do Ocidente como um traidor – neste caso – que não se junta aos países democráticos para lutar contra Vladimir Putin".
O Governo russo anunciou que 47 dos 54 países africanos estarão presentes, mas apenas 17 Presidentes confirmaram a sua presença, ao contrário dos 40 que estiveram na primeira Cimeira, em Sochi, em 2019.