Cimeira da CPLP: Expectativas podem ser maiores do que as possibilidades

Chefes de Estados e de Governo reúnem em Julho em Cabo Verde com mobilidade de pessoas e bens na agenda

Os Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua portuguesa (CPLP) reúnem-se a 17 e 18 de Junho na ilha cabo-verdiana do Sal com vários temas em carteira.

Apesar da cultura e oceanos ocuparem a atenção do tema da cimeira, a mobilidade dos cidadãos no espaço lusófono e o reforço das relações comerciais e empresariais constituem assuntos que aguardam respostas há anos. E os temas estão na agenda.

Há alguma ansiedade criada em que ou a comunidade se afirma como facilitador da vida económica dos países ou continuará a ser um espaço de encontros de políticos e dirigentes.

A um mês do evento, analistas em Cabo Verde não anteveem grandes ganhos a nível por, exemplo, da mobilidade de pessoas e bens, há muito reclamada e prometida.

O diplomata de carreira e antigo ministro da Educação de Cabo Verde Corsino Tolentino lembra, por exemplo, “a fraqueza da organização e as dificuldades que ela enfrenta para dar grandes respostas”.

Aquele antigo embaixador em Portugal e consultor internacional não vê sinais também de que tal mobilidade seja possível, “mas talvez a nível bilateral”.

O consultor económico Agnelo Sanches vê com bons olhos “alguma integração económica”, mas alerta para as diferenças e a localização geográfica dos diferentes países.

Sanches admite, no entanto, possibilidades "em matéria de sinergias".

Por seu turno, o analista e antigo conselheiro do Presidente da República de Cabo Verde, Ludgero Correia, lembra que a cimeira é mais uma da comunidade dos países de língua portuguesa “nesse processo contínuo de transformação numa comunidade de povos”.

Antigo funcionário das Alfândegas, Correia, que é também escritor, não vê com bons olhos a mobilidade de bens e mercadorias, mas admite "isenções de vistos para determinados grupos".

Ele aponta as distâncias entre os países e os diferentes estágios de desenvolvimento, mas acredita em “apoios em espaços internacionais”.

Corsino Tolentino, Agnelo Sanches e Ludgero Correia são os convidados da rubrica Agenda Africana.

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