O Governo moçambicano deve iniciar urgentemente investigações sobre relatos de violações generalizadas dos direitos humanos cometidas durante os protestos e comprometer-se a publicar as conclusões, disse Amnistia Internacional (AI) num comunicado divulgado nesta quinta-feira, 26.
"É o ciclo eleitoral mais sangrento na história pós-guerra civil de Moçambique, mas os suspeitos dos crimes têm gozado de total impunidade”, escreve a diretora daquela organização para a Africa Oriental e Austral, que classificou de "terrível" a "a repressão dos protestos em Moçambique após as eleições do ano passado".
Khanyo Farisè insta o Governo de Moçambique a "abrir imediatamente investigações independentes, eficazes e completas sobre todas as mortes, incidentes de tortura e outros maus-tratos e outras violações dos direitos humanos relatadas durante a repressão em curso, com prazos claros para divulgar os resultados" das eleições e desafia Daniel Chapo a "provar a sua disponibilidade para quebrar este ciclo de impunidade defendendo pedidos de investigações urgentes e garantindo total cooperação com as autoridades de investigação".
Aquelaresponsával sublinha ainda que o Presidnete moçambicano "deve também garantir uma reparação eficaz às vítimas e sobreviventes e usar a sua autoridade para pôr fim às violações dos direitos humanos por parte das forças de segurança durante os protestos”.
A organização de defesa dos direitos humanos refere na nota que desde 21 de outubro, após "o assassinato de duas importantes figuras alinhadas com a oposição, houve relatos credíveis de violações generalizadas dos direitos humanos, com mais de 300 pessoas mortas, incluindo crianças, numa tentativa de reprimir os protestos, sendo a grande maioria das mortes atribuídas às forças de segurança, de acordo com as contagens dos grupos de monitorização".
As forças governamentais, segundo a AI, "balearam e feriram ainda mais de 700 outras pessoas e detiveram arbitrariamente milhares de pessoas, sujeitando-as alegadamente a tortura e outros maus-tratos sob custódia".
As autoridades perseguiram "ainda alegadamente jornalistas, limitaram o acesso à internet e mobilizaram o exército".