CFB: Ameaça de greve força diálogo para aumento salarial em ferrovia angolana cobiçada por estrangeiros

Administração procura evitar paralisação em quatro províncias

Um sinal de abertura negocial dado pelo Conselho de Administração, na terça-feira, 16, evitou uma greve geral no Caminho-de-ferro de Benguela (CFB), em Angola, convocada para pressionar por aumentos salariais a favor dos mais de 1300 trabalhadores espalhados por quatro províncias.

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Trabalhadores do CFB pedem aumento salarial de 50% - 2:27


Em fase de concurso público internacional para gestão da empresa, que coloca na corrida chineses, alemães e norte-americanos, os ferroviários voltam à carga com um caderno reivindicativo que exige também uma cesta básica e a inserção de trabalhadores despedidos por suposta negligência em acidentes.

A Comissão Sindical estava prestes a decretar greve quando foi chamada à mesa de negociações pelo Conselho de Administração, que tem em mãos pedidos para aumentos salariais em 50%, metade já este ano e a outra parte em 2022.

À VOA, o líder sindical da empresa, Leonardo Saculembe, disse que os subsídios para cesta básica e a reinserção dos despedidos, em obediência a uma decisão judicial, são outros de vários pontos da reivindicação.

‘’Simplesmente estamos a pedir aumento de 50%, é possível pelas condições da empresa”, disse afirmando que “o Tribunal orientou a reinserção de quatro dos seis despedidos, mas o presidente do Conselho não aceita, nem as indemnizações, e eles estão à deriva’’.

‘’Uma greve seria em toda a linha, do Lobito, Huambo, Bié e Moxico, até à fronteira’’, acrescentou o sindicalista.

Saculembe realça que os trabalhadores estão indiferentes à anunciada mudança de gestão, mediante o concurso internacional afirmando que “99,9 % (das depesas da empresa) vêm do orçmento geral do estado”.

“A empresa quase não faz nada’’, disse Saculembe.

O assistente jurídico do Conselho de Administração do CFB, Aristides Sebastião, reafirmou uma proposta de aumento salarial em 38%, encalhada devido às consequências da pandemia, e diz acreditar no diálogo entre as partes.

‘’A questão sobre a cesta básica vai ser respondida, e muito bem”, disse.

“Relativamente aos salários, já existe proposta, creio que desde 2019, mas a pandemia parou tudo, a circulação de pessoas e mercadorias’’, sublinhou o jurista, acrescentando que ‘’o diálogo vai permitir resolver tudo’’.

As negociações vão durar trinta dias.