O Governo de Moçambique vai estender, pela segunda vez, o contrato com a empresa militar privada sul-aftricana, Dyck Advisory Group (DAG), para combater a insurgência na província de Cabo Delgado, num processo sem transparência, acusa o Centro de Integridade Pública (CIP), adiantando que o Executivo terá também contratado a empresa Paramount para o mesmo objectivo.
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A DAG, desde Abril de 2020, ajuda as Forças de Defesa e Segurança (FDS) a combater os insurgentes que há cerca de três anos aterrorizam a província de Cabo Delgado.
O CIP afirma não perceber a essência desta decisão do Governo, uma vez que Moçambique tem forças armadas com vocação de defender a pátria.
E para o CIP, o mais preocupante é que há informações de que estão a operar no país, empresas militares privadas a defender, sem que isso tenha sido comunicado aos moçambicanos.
Para além de estender o contrato com a DAG, o Governo terá também contratado a empresa militar privada, Paramount, igualmente sul-africana.
"A coberto do segredo de Estado, o Governo está a recorrer, desde Setembro de 2019, à contratação de empresas militares privadas, para ajudar a combater a insurgência em Cabo Delgado, sem prestar contas aos moçambicanos, seja em termos de gastos despendidos, seja em benefícios que se obtêm com o recurso a militares privados", destaca aquela organização da sociedade civil de promoção da transparência e boa governação.
Para o CIP, o recurso a empresas militares privadas, pelo Governo, para combater a insurgência em Cabo Delgado, "mostra-se uma decisão de alto risco e ineficaz. Para além da falta de transparência e prestação de contas sobre os contratos, as empresas militares privada não conseguem travar o avanço dos isurgentes, que têm estado a ganhar mais espaço no terreno, com ataques e ocupação de sedes distritais".
Por outro lado, e de acordo ainda com aquele Centro, "há sinais de mau relacionamento entre as empresas militares privadas e as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, devido ao facto de as empresas privadas estarem a trabalhar com a polícia, cuja vocação não é a de combater a insurgência".
Segundo o CIP, numa recente emboscada montada por insurgentes, terão morrido "dezenas de elementos das forças de defesa e segurança moçambicanas".