As autoridades sanitárias da província angolana de Malanje registaram no primeiro trimestre deste ano mais de 70 mil casos de malária que provocaram mais de 60 óbitos, revelou nesta quarta-feira, 25, o director provincial da Saúde.
Num encontro provincial com parceiros do sector, em Malanje, Avantino Hélio Sebastião reconheceu que as medidas incrementadas para a redução da patologia na região não estão a surtir efeitos.
As ocorrências de Janeiro a Março do ano em curso duplicaram em relação a todo o ano de 2017.
“Em 2017, foram confirmados 32.429 casos de malária com 64 óbitos, só no primeiro trimestre deste ano já foram 77.346 casos, o dobro do que aconteceu no ano passado comparativamente ao ano 2017, com 79 óbitos”, precisou Avantino Sebastião.
O presidente do Fórum Provincial da Malária, Waldemar Cassombe, mostrou-se céptico quanto à eficácia dos programas concebidos para combater a enfermidade que mais mata no país.
“É triste compreender que uma doença com possibilidades de ser prevenida, com atitudes e práticas humanas na relação com o meio ambiente, esteja na base da incidência de casos de doença e morte no país em Malanje em particular”, lamentou Cassombe.
O Programa Nacional de Combate à Malária entregou ao Governo provincial 14 viaturas para o programa de fumigação intra e extra-domicilar para combater o vector, mas no mercado local e de Luanda, não há produtos para a referida actividade.
A situação arrasta-se há já alguns meses.
Perante este quadro, o vice-governador para os sectores político, económico e social, Domingos Manuel Eduardo, considerou vergonhoso o actual quadro, apesar de existirem condições para contrapor a doença que atinge essencialmente crianças e mulheres.
“É uma vergonha para todos nós, quanto governantes, quanto responsáveis, quanto cidadãos, é uma vergonha. A vergonha não só na província de Malanje, mas também uma vergonha nacional, e isto porque as nossas estratégias, as nossas tácticas de luta não têm estado a resultar”, justificou.
O centro da cidade de Malanje e a periferia estão cheios de capim, charcos deágua e lixo que contribuem para o aumento dos focos de mosquitos.