O Presidente da Colômbia anunciou que a Procuradoria Geral da República (PGR) deu início ao processo de extinção dos bens do empresário Álex Saab, detido em Cabo Verde e com uma sentença de extradição para os Estados Unidos.
Em entrevista ao programa Sinal da Manhã, da Rádio Nacional, nesta segunda-feira, 10, Iván Duque considerou que a decisão da justiça cabo-verdiana “é necessária e fundamental para que se possa colocar a nu todos os vínculos escuros da ditadura da Venezuela com o tráfico de drogas, a lavagem de capitais ativos e uma rede criminal muito grande”.
Veja Também Álex Saab acusa PM de Cabo Verde de inação e denuncia pressão para assinar sua extradiçãoO Chefe de Estado colombiano acrescentou que o processo contra Saab na PGR pretende descobrir “toda a rede criminal existente nessas empresas, desde beneficiários, sócios, pessoas que têm estado vinculadas com a lavagem de capitais”.
“Espero que seja uma extinção rápida de domínio, que desvenda todo esse emaranhado de companhias vinculadas a essas redes de tráfico de droga, contrabando e lavagem de dinheiro”, disse ainda Iván Duque que, na entrevista, destacou a cooperação das autoridades americanas.
Por seu lado, a Colômbia, segundo o Presidente, “entregou um pacote de informação que vai solidificar todas as investigações que estão a ser feitas pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e da DEA”.
O processo
O empresário Álex Saab, colombiano de nascimento mas considerado pelo Governo da Venezuela como seu "enviado especial", foi detido a 12 de junho em Cabo Verde quando estava a caminho do Irão, onde, segundo Caracas, iria negociar a compra de produtos e bens para o país.
Ele foi detido a pedido dos Estados Unidos que o acusam de vários crimes, como lavagem de mais de 350 milhões de dólares nos bancos americanos.
No passado dia 31, o Tribunal da Relação de Barlavento, na iha de São Vicente, decidiu pela extradição de Saab para os Estados Unidos.
Nesta segunda-feira, 10, o empresário escreveu uma carta ao primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, na qual denunciou ter sido aliciado por um funcionário a assinar a sua extradição voluntária e acusa as autoridades cabo-verdianas de o terem raptado e de tratarem melhor os traficantes de droga do que ele.
Ao decidir escrever a Correia e Silva, o empresário, cuja extradição para os Estados Unidos foi autorizada pelo Tribunal de Relação de Barlavento, da ilha cabo-verdiana de São Vicente, no passado dia 31, afirma querer “quebrar o silêncio” e manifestar ao primeiro-ministro a situação dele, que pode desconhecer.
“Durante dois meses, e apesar de ter fornecido provas claras e inequívocas de graves problemas de saúde, tive acesso a cuidados médicos rudimentares e perdi quase 20 kg de peso; e tudo apesar de ter sofrido de cancro. Percebi que, no seu país, até os traficantes de drogas têm recebido melhor tratamento e prisão domiciliar; coisas não foram disponibilizadas a mim nem mesmo como Enviado Especial”, narra Alex Saab, que fala das suas origens, dos seus negócios e da sua relação com a Venezuela.
Na longa carta, Saab diz ter sido alvo uma “grande injustiça”.