Autoridades governamentais e organizações da sociedade civil procuram alternativas para estancar os casamentos prematuros em Moçambique, em geral, e na província nortenha de Nampula, em particular, que, para além de ser mais populosa, apresenta a maior taxa de prevalência dos casos com cerca de 62 por cento.
Os distritos Mecuburi, Mogovolas, Erati, Murrupula e Moecate lideram a lista de maior índice de meninas que se casam em Nampula antes dos 16 anos de idade, deixando para trás o sonho de estudar e de se formar.
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Dados dos ministérios da Educação e Saúde apontam que cerca de 915 raparigas menores de idade abandonaram no ano passado a escola devido a casamentos prematuros em Nampula e 7.405 raparigas menores grávidas procuraram os serviços de consulta pré-natal nas diferentes unidades sanitárias.
Trinta e um por cento delas perderam a vida por complicações de parto.
Apesar da idade admissível para ocasamento em Moçambique ser a partir dos 18 anos de idade e de o país possuir uma estratégia de combate aos casamentos prematuros, as organizações que trabalham nesta área ainda enfrentam sérias dificuldades para combater o fenómeno, que se prendem com questões culturais associadas ao baixo nível de escolaridade dos pais e à pobreza extrema na qual vive o maior número das famílias moçambicanas.
Rosmina Sacur, chefe provincial do Programa de Saúde Escolar Adolescente e Jovem, recorda que o casamento prematuro tem várias consequenciais, desde a gravidez precoce à fístula obstétrica, passando por doenças de transmissão sexual e a mortalidade materna.
As crianças nascidas fruto da gravidez precoce correm um maior risco de sofrerem de desnutrição.
Rosita Andaruce, é mãe de 5 filhos, entre eles quatro meninas e disse à VOA que o que leva os pais a oferecerem as suas filhas em casamento é a gravidez.
A filha mais velha de Rosita engravidou aos 14 anos, mas, ao contrário de muitas, a mãe não a entregou ao casamento e incentivou-a continuar com os estudos.
Rosita apela às famílias a não obrigarem as suas filhas a casarem-se cedo e diz ser necessário deixar que as raparigas decidam o seu futuro.