O músico angolano Carlos Lamartine, vencedor, aos 74 anos, do Prémio Nacional de Cultura e Artes de 2017, na categoria de música, afirmou que os artistas da sua geração têm sido "minimamente reconhecidos e materialmente prejudicados".
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O vencedor da categoria de música, que já leva cerca de 60 anos de carreira, considerou que a sociedade criou dificuldades para os "músicos da velha geração", hoje "alimentados apenas espiritualmente".
"Têm sido minimamente reconhecidos do ponto de vista moral, embora que materialmente tenham sido prejudicados. Talvez não por uma incoerência do processo, mas por uma necessidade do processo", disse.
Apesar do prémio que recebeu no passado 09 de Novembro em Luanda, o cantor lamenta o estado atual da música e das gerações mais velhas: "Não é com a barriga vazia que os homens devem viver. Mas espiritualmente nos alimentamos por parte dos grandes precursores da música angolana", desabafou.
Carlos Lamartine é um dos nove vencedores, em diferentes categorias, da 17.ª edição do Prémio Nacional de Cultura e Artes, tendo sido considerado pelo júri do concurso como "um dos grandes artífices da música angolana".
Com seis discos editados, com conteúdos virados à proclamação da independência de Angola, a 11 de novembro de 1975, Carlos Lamartine diz-se privilegiado por trabalhar afincadamente para o crescimento da música angolana de raiz africana.
Segundo o júri do Prémio Nacional de Cultura e Artes de Angola de 2017 as composições de Carlos Lamartine "abordam os géneros satíricos e revolucionário, a trova e o folclore, que enriquecem e valorizam o universo contemporâneo da música angolana".
Na ocasião, a ministra da Cultura de Angola, Carolina Cerqueira, garantiu que apesar das dificuldades financeiras, os valores monetários para os vencedores desta edição do prémio estão assegurados pelo Orçamento Geral do Estado.