A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) suspendeu as suas actividades na cidade de Nampala, no centro do Mali, na sequência de um ataque ao seu pessoal e aos profissionais de saúde na zona assolada pela violência.
O Mali tem sido devastado há mais de uma década por jihadistas e outros grupos armados, com o centro do país da África Ocidental a tornar-se um foco de violência desde 2015.
O exército do Mali e o grupo paramilitar russo Wagner realizaram durante meses operações contra grupos jihadistas armados na área, incluindo o Katiba Macina, ligado à Al-Qaeda.
Os MSF afirmaram num comunicado que a sua equipa e os trabalhadores comunitários de saúde nos arredores de Nampala tinham sido, a 14 de outubro, “violentamente atacados e roubados por homens armados que realizam regularmente operações militares na zona”.
“Esta violência contra a população civil e os trabalhadores humanitários é inaceitável”, acrescentou.
Os abusos cometidos contra civis no centro do Mali têm sido atribuídos a uma série de actores armados, principalmente jihadistas, mas também ao exército e aos seus aliados russos, o que as autoridades malianas negam.
Várias pessoas ficaram feridas no ataque, disse uma fonte humanitária, sem dar mais pormenores.
“Os Médicos Sem Fronteiras tiveram de tomar a difícil decisão de suspender temporariamente as suas actividades médicas na zona de Nampala, privando a população de cuidados essenciais”, declarou a organização.
A organização afirma ser a única ONG internacional ativa na região, onde presta “cuidados médicos vitais gratuitos” à população local e às pessoas deslocadas pelo conflito.
A atual crise de segurança conduziu a “necessidades de saúde acrescidas”, com um aumento dos casos de malária, afirmou a organização.
A organização acrescentou que estava a discutir com “várias partes no conflito e com as autoridades competentes... para garantir que tal violência não volte a ocorrer e para permitir que os MSF retomem a prestação de cuidados essenciais à população o mais rapidamente possível”.
Há 10 dias, os MSF anunciaram que tinham suspendido as suas actividades na cidade de Djibo, no norte do Burkina Faso, à medida que os grupos jihadistas intensificavam os ataques na zona próxima da fronteira com o Mali e o Níger.